Resumo

O sedentarismo e as dietas hiperlipídicas estão relacionados com o surgimento da síndrome metabólica (SM), representada pela junção de fatores de risco, como obesidade abdominal, resistência insulínica, dislipidemia e hipertensão arterial. Atualmente, sabe-se que tanto a obesidade quanto as doenças cardiovasculares relacionadas com a presença da SM estão intimamente associadas ao estresse oxidativo e à inflamação crônica de baixo grau. Apesar de a prática regular de exercícios físicos ser considerada uma das melhores intervenções não farmacológicas para a prevenção e o tratamento da SM, poucos estudos analisaram os efeitos do treinamento aeróbico moderado (TA) isolado sobre parâmetros oxidativos, inflamatórios, antropométricos, funcionais e da qualidade de vida de mulheres com SM. Dessa forma, investigamos os efeitos de 15 semanas de TA sobre o perfil funcional, antropométrico, bioquímico e a percepção subjetiva da qualidade de vida (PSQV) (manuscrito 1) e o impacto de 12 semanas de TA sobre a composição corporal e marcadores sistêmicos de inflamação e de estresse oxidativo de mulheres de meia-idade com SM (manuscrito 2). Ambas as intervenções foram compostas por três sessões semanais de caminhadas rápidas e/ou corridas leves em esteiras, sendo que a intensidade prescrita do treinamento foi controlada através de monitores cardíacos. O TA de 15 semanas foi efetivo na diminuição das circunferências da cintura e do quadril, dos níveis de colesterol total, lipoproteínas de baixa densidade (LDL), de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e da atividade das enzimas mieloperoxidase e lactato desidrogenase. Além disso, observou-se um aumento da estimativa do consumo máximo de oxigênio e da flexibilidade, dos níveis de albumina e lipoproteínas de alta densidade (HDL) e maiores pontuações nos domínios de capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde e aspectos sociais do questionário relacionado à PSQV. Entretanto, não foi constatada uma concomitante redução ponderal (manuscrito 1). Doze semanas de TA provocaram redução da quantidade total de tecido adiposo, bem como dos níveis de interleucina-1 beta (IL-1β), interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interferon-gama (INF-γ), produtos avançados de oxidação proteica (AOPP) e TBARS. Nesse contexto, ele causou aumento do conteúdo total de massa magra, dos níveis de interleucina-10 (IL-10) e tióis totais, apesar da manutenção dos níveis de nitritos e nitratos (NOx) (manuscrito 2). Assim, conclui-se que os benefícios sobre variáveis bioquímicas, antropométricas e a qualidade de vida oportunizados pela prática regular de exercícios aeróbicos não são dependentes da perda ponderal e que o treinamento aeróbico moderado modula positivamente marcadores de inflamação e estresse oxidativo e a composição corporal em mulheres de meia-idade com SM.

Acessar Arquivo