Resumo

O objetivo do presente estudo foi analisar as respostas cardiorrespiratórias, neuromusculares e cinéticas de mulheres realizando exercícios de hidroginástica em diferentes intensidades de esforço. No estudo I, 20 mulheres jovens (24,0 ± 2,5 anos; 163,3 ± 6,7 cm; 60,0 ± 6,7 kg) realizaram quatro sessões de testes progressivos, três correspondentes aos testes aquáticos (corrida estacionária (CE), chute frontal (CF), deslize frontal (DF)) e uma correspondente ao teste em esteira terrestre (EST), com o intuito de determinar e comparar as respostas de frequência cardíaca (FC), consumo de oxigênio (VO2 ) e ventilação (Ve) no primeiro limiar ventilatório (LV1), no segundo limiar ventilatório (LV2) e no máximo esforço (MAX). No estudo II, 15 participantes da amostra realizaram duas sessões, uma no meio aquático (MA) e outra no meio terrestre (MT). O protocolo de testes consistiu na execução dos três exercícios de hidroginástica nas três intensidades pré-determinadas (LV1, LV2 e MAX) com o intuito de determinar o valor de pico da força de reação do solo vertical (Fzpico) e o impulso (IMP). No estudo III, 12 participantes da amostra realizaram uma sessão correspondente ao protocolo experimental, que consistia na execução dos três exercícios de hidroginástica nas três intensidades de esforço previamente avaliadas, com o intuito de determinar as respostas de VO2 , atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos reto femoral (RF), semitendinoso (ST), vasto lateral (VL), porção curta do bíceps femoral (BF), tibial anterior (TA) e gastrocnêmio lateral (GL) e a Fzpico. ANOVA para medidas repetidas de um, dois e três fatores foram utilizadas (α = 0,05). Ao comparar as respostas cardiorrespiratórias entre protocolos de testes progressivos, não foram observadas diferenças significativas entre os exercícios aquáticos para nenhuma das intensidades. No entanto, o protocolo em EST apresentou valores significativamente maiores de FC em todas as intensidades, de VO2 nas intensidades LV2 e MAX, e de Ve na intensidade LV2. Ao analisar a força de reação do solo, respostas significativamente maiores para Fzpico e IMP foram verificadas para MT comparado a MA. Diferenças significativas foram observadas entre todas as intensidades para Fzpico e IMP no MT, e IMP no MA. Todavia, diferenças significativas foram observadas somente entre LV1 e as demais intensidades para Fzpico no MA. Além disso, no MA, valores de Fzpico significativamente menores foram observados entre o exercício DF e os demais exercícios. Para o sinal EMG, valores significativamente maiores foram observados para CF e menores para CE na atividade de todos os músculos, exceto TA que apresentou maiores respostas para DF comparado aos demais. Além disso, diferenças significativas entre as intensidades foram observadas para todos os grupos musculares. A partir dos resultados, conclui-se que, em um programa de treinamento de hidroginástica, existe a necessidade de realizar-se testes máximos específicos nos exercícios aquáticos, uma vez que as respostas de FC, VO2 e Ve apresentaram diferenças entre os exercícios de hidroginástica analisados e EST. Outro fator a ser levado em consideração é a escolha da intensidade e dos exercícios a serem prescritos. Se o objetivo for amenizar a ação da Fzpico, exercícios com as características do DF devem ser priorizados, sendo importante salientar que o mesmo apresenta uma intensa atividade neuromuscular para todos os músculos analisados, exceto GL. Além disso, intensidades correspondentes ao LV1 devem ser utilizadas a fim de minimizar a Fzpico, todavia, nessa intensidade a atividade neuromuscular foi significativamente menor para todos os exercícios e músculos analisados. Por outro lado, se o objetivo é trabalhar com altas intensidades, não existe diferença entre a Fzpico correspondente ao esforço máximo e LV2, logo a intensidade máxima pode ser utilizada com a mesma segurança que LV2, apresentando um menor IMP e uma maior ativação EMG para todos os grupos musculares analisados. No entanto, se o objetivo for minimizar a ativação muscular, sugere-se o uso do exercício CE, uma vez que ele pode ser utilizado nas aulas de hidroginástica com a mesma intensidade cardiorrespiratória que os demais exercícios avaliados, induzindo a uma menor fadiga periférica.

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