Resumo

Introdução: As aulas de ballet parecem apresentar intensidades cardiorrespiratórias (CR) mais baixas do que os ensaios e espetáculos. Além disso, o ballet é caracterizado como um exercício intermitente, que envolve uma variedade de ações excêntricas, as quais podem estar relacionadas à lesão muscular (LM) e ao estresse oxidativo (EO). Objetivos: Descrever, comparar e correlacionar as respostas CR, de EO e LM em bailarinas após uma aula e um ensaio de ballet. Variáveis CR: consumo de oxigênio (VO2); frequência cardíaca (FC) e concentração sanguínea de lactato (La). Variáveis EO: estado redox (GSSH/GSH) e concentração sanguínea de lipoperóxidos (LPO). Variável de LM: concentração sanguínea de creatina quinase (CK). Métodos: Doze bailarinas voluntárias, de nível técnico avançado foram avaliadas. Teste de consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e avaliação da composição corporal foram realizados. Em duas sessões separadas, as bailarinas realizaram uma aula e um ensaio de ballet, os quais foram previamente filmados na escola de dança e reproduzidos nas sessões de coleta de dados. VO2 e FC foram mensurados continuamente em todas as sessões. La foi verificado antes e depois do teste de VO2máx; e em repouso, aos 15 e 30 minutos da aula e do ensaio. Coletas de sangue foram realizadas em repouso, imediatamente após e 48h após a aula e o ensaio. As variáveis CR da aula (barra, centro e aula toda) e do ensaio (ensaio todo) foram também relacionadas aos dados do primeiro e segundo limiares ventilatorios (LV1 e LV2). La pós teste VO2max, pós aula e pós ensaio foram também comparados entre si. Dados expressos em média e desvio padrão. Estatística: ANOVA Two-way; ANOVA medidas repetidas; Post hoc Bonferroni (p<0,05). Resultados: VO2máx=37,3±4,7; LV1=24,92,7 e LV2=31,9±3,8 ml.kg-1.min-1. VO2 (aula=14,5±2,1 / ensaio=19,11,7 ml.kg-1.min-1); FC (aula=145,7±17,9 / ensaio=174,5±13,8 bpm) e La (aula=4,2±1,1 / ensaio=5,5 ± 2,7 mmol.l-1) foram significativamente diferentes entre si. Resultados Os resultados do VO2 (ml.kg-1.min-1 ) comparando-se aula, ensaio, LV1 e LV2 foram: aula barra (14,4±2,0); aula toda (14,5±2,1); aula centro (16,7±2,5); ensaio todo (19,1±1,7); LV1 (24,9 ± 2,7) e LV2 (31,9 ± 3,8). Aula barra e aula toda foram iguais entre si e diferentes de aula centro e ensaio todo, os quais não foram diferentes entre si. LV1 e LV2 foram diferentes entre si e de todos os demais parâmetros. Para FC, o ensaio todo se localizou entre LV1 e LV2. La (mmol.l-1) da aula (4,2±1,1) foi significativamente menor do que o La máximo (8,1±2,3), sendo o ensaio (5,5±2,7) estatisticamente igual a ambos. CK foi significativamente mais elevada pós aula do que ensaio, sendo os valores pós e 48h iguais entre si e ambos diferentes do pré. A razão GSSG/GSH diminuiu significativamente 48h pós aula e ensaio, mas não foi diferente entre os dois tipos de exercício. Os valores de LPO foram maiores para a aula do que para o ensaio, não apresentando diferenças em relação ao efeito tempo. Conclusão: A aula apresenta intensidade mais baixa do que o ensaio em relação às variáveis CR, entretanto, a aula foi mais intensa no que se refere aos parâmetros de dano celular. Parece que as bailarinas avaliadas estão adaptadas em relação aos parâmetros de dano celular, mas necessitam de treinamento mais específico do ponto de vista CR.

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