Resumo
Treinadores de atletas de elite inseridos em programas de treinamentos estruturados têm como principal objetivo ofertar um programa bem controlado, assegurando que o desempenho ótimo de seus atletas seja alcançado em momentos certos. A Variabilidade da Frequência Cardíaca tem se mostrado um método relativamente novo e promissor para monitorar as adaptações individuais ao treinamento, avaliando desse modo o estado fisiológico. Porém, ainda não há um consenso entre a relação da VFC com aumentos e diminuições na performance física. Portanto o objetivo do estudo foi investigar o efeito de um mesociclo de treinamento na tolerância ao estresse, adaptação autonômica e de desempenho motor em jovens atletas de futebol. Foram avaliados 16 atletas do sexo masculino da categoria sub 19. O estudo teve duração de 4 semanas sendo dividido em três fases: fase (I) denominada de baseline (1 semana), fase (II) período de intensificação de treinamento (2 semanas) e fase (III), taper (1 semana). Medidas de índices vagais de VFC e de tolerância ao treinamento (DALDA) foram registrados diariamente durante todo o estudo. A performance física foi avaliado após a fase (I, II e III) por testes motores específicos da modalidade. Durante o período de intensificação houve uma redução em todas as variáveis de performance física, estando ela ligada a uma diminuição da atividade parassimpática e da tolerância ao estresse. Comportamento esse revertido após o período de taper, onde existiu uma supercompensação da performance física acompanhada de uma elevação da atividade parassimpática e da tolerância ao estresse. Conclui-se que períodos de elevação da carga de treinamento e subsequente redução são capazes de gerar adaptações fisiológicas e autonômicas em atletas de futebol. A análise da VFC e do questionário DALDA parecem ser ferramentas apropriadas para o monitoramento dos efeitos das cargas de treinamento sobre a performance e aptidão física, podendo ser eventualmente utilizadas para prevenir estados de overtraining.