Resumo

A reabilitação cardiovascular é uma intervenção segura e com excelente desempenho em termos de custo-benefício, o que torna lamentável o número insignificante desses serviços no Brasil, determinando que a maioria esmagadora dos pacientes permaneça carente destes benefícios. No país, o grande déficit de programas e, conseqüentemente, a ausência de estudos que documentem a repercussão clínica e econômica da reabilitação, corresponde a uma lacuna que precisa ser preenchida. O presente estudo teve como objetivo avaliar o resultado clínico e econômico do Programa de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular denominado Unisaúde, criado pelo plano de saúde Unimed Litoral, em Itajaí - SC. O resultado clínico foi identificado por meio da comparação dos valores do desempenho físico nos testes ergométricos; das modificações dos fatores de risco para DAC (Colesterol total, LDLcolesterol, HDL- colesterol, relação colesterol total/HDL, hipertensão arterial e triglicerídeos) e na composição corporal (Índice de massa corporal- IMC e Relação cintura/quadril - RC/Q) nos períodos pré e pós-implantação do programa. O resultado econômico foi verificado por meio da comparação das despesas mensais do Plano de Saúde nos períodos que antecederam e sucederam o programa. A amostra foi constituída por 96 clientes do Plano de Saúde Unimed Litoral, divididos em dois grupos de 48 indivíduos (grupo controle - GC e grupo tratamento - GT), de ambos os sexos, com idade de 54 a 79 anos, portadores de doenças cardiovasculares ou elevado risco para tal, que causavam elevados gastos ao Plano de Saúde. Para interpretação dos resultados obtidos, foi utilizada estatística descritiva, teste t pareado e teste t. O GT apresentou, respectivamente valores pré e pós: CT (mg/dL) 242,5 (±48,32) e 189,47(±39,83); LDL-colesterol (mg/dL) 162(±37,72) e 116,3(±33,28); HDL-colesterol (mg/dL) 46,5(±8,59) e 57,8(±10,36); TG (mg/dL) 165,15(±90,24) e 113,29(±54,92); CT/HDL 5,42 (±1,10) e 3,35 (±0,81); VO2 max (mL/Kg/min) 26,92 ± 7 e 32,64 ± 5,92; IMC 29,35 (±3,93) e 28,12 (±3,55) para mulheres e 29,17 (±5,14) e 27,88 (±4,83) para homens; RC/Q 0,93(±0,05) e 0,94(±0,04) para mulheres e 0,93(±0,07) e 0,92(±0,06) para homens; PAS (mmHg) 151(±13,89) e 132(±9,56); PAD (mmHg) 83(±8,07) e 77(±5,92); despesas mensais GC (R$) 8.840,05 (±5.656,58) e 8.978,32 (±5.500,78); despesas mensais GT (R$) 2.016,98 (±2.861,69) e 1.470,73 (±1.333,25). Os resultados demonstraram que o Programa Unisaúde apresentou um resultado efetivo em relação as variáveis clínicas e econômicas; com diferenças significativas (p< 0,05) para as modificações nos fatores de risco, composição corporal, e consumo máximo de oxigênio As despesas não mostraram diferenças significativas entre os dois períodos, porém, houve diminuição nos valores absolutos dos gastos no GT e aumento no GC no período pós Unisaúde.