Cavalgadas no Sertão Norte-mineiro: Uma História do Tempo Passado e Presente
Por Ester Hoed de Novais (Autor), Ester Liberato Pereira (Autor).
Resumo
Esta pesquisa objetiva identificar representações históricas de uma prática ainda muito presente na região do sertão do norte do estado de Minas Gerais: as cavalgadas. Estas consistiam em expedições armadas, numerosas e destinadas a explorar os sertões do Brasil, escravizar índios, descobrir terrenos com metais e pedras preciosas. Nos sertões do interior, os rios eram seus caminhos preferidos, estradas ricas em ouro, esmeraldas e marfim. De tal modo, foi realizada uma pesquisa documental em fontes impressas, como a Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, jornais regionais e documentos virtuais. Tais fontes foram submetidas a uma análise documental, com base nos pressupostos teóricos dos estudos históricos e socioculturais. Evidenciou-se que, em menos de um século, emergiram os primeiros bandeirantes no século XVI. A partir disto, as estradas, as bandeiras e as cavalgadas insistem em resistir ao tempo e, a cada ano, renovam-se nas festas dos distritos norte-mineiros. Hoje, o sertanejo presta homenagens aos antepassados que trilharam, exploraram e desbravaram estes sertões, seguindo a estrada real, em cavalgadas pelos distritos do Norte de Minas Gerais. A cavalgada, assim, simboliza e apresenta representações de homenagem para os antepassados e bravura para aqueles que estão homenageando. Por isso, a cavalgada constitui uma cultura de tal importância praticada por atores sociais ligados ao cultivo da terra. Assinala, também, representações religiosas, já que, na missa campal, recebem bênçãos para proteção na viagem, são recebidos por festas, aplausos e foguetes, depois seguem pela zona rural dos municípios. Nos dias atuais, todos os anos, ainda ocorrem, nas zonas rurais, os festejos da cavalgada como forma de religiosidade e cultura. A cavalgada, assim, constitui uma prática cultural que objetiva incentivar representações de valorização do patrimônio histórico-cultural da Estrada Real e do sertão norte-mineiro por meio do turismo equestre.