Que Cabelo é Esse? É o Meu. O Cabelo Como Símbolo da Identidade Negra no Curso de Educação Física da Unimontes
Por Natália Mendes de Jesus (Autor), Fernanda de Souza Cardoso (Autor).
Resumo
Observando um movimento que tem se tornado cada vez mais comum e intenso, um movimento de apresentação e aceitação do cabelo tal como ele é: afro, black, crespo, sentimos a necessidade de entender esta tendência no contexto universitário. Portanto, o presente estudo investigou o significado do cabelo e os sentidos a ele atribuídos por mulheres e homens negros estudantes do curso de Educação Física (Licenciatura e Bacharelado) da Unimontes e a relação do cabelo com a identidade negra. Trata-se de uma pesquisa descritiva com análise qualitativa dos dados. A amostra foi constituída por cinco acadêmicos(as) do curso de Educação Física Licenciatura (Diurno e Noturno) e cinco acadêmicos(as) do Bacharelado (Diurno), no total de nove mulheres e um homem da Universidade Estadual de Montes Claros. Os acadêmicos(as) seguiram os seguintes critérios de inclusão: estarem regularmente matriculados; se considerarem negros e negras e tinham que ter vivenciado o processo de mudança, quanto ao uso do cabelo, no decorrer do curso. Para a pesquisa de campo o instrumento usado foi uma entrevista semiestruturada. Os dados coletados foram analisados qualitativamente, segundo a técnica de categorias. O cabelo para os participantes da pesquisa é sinônimo de resistência, luta e postula uma representatividade. O cabelo está além de uma ferramenta de beleza, o mesmo tem relação com a ancestralidade, com as raízes de um povo. Usar o cabelo tal como ele é, tem relação com a identidade negra para maioria dos(as) acadêmicos(as); o reconhecimento de ser negro só se deu após a aceitação do cabelo crespo. Para muitos entrevistados a aceitação do cabelo crespo surgiu devido aos danos causados por produtos químicos, chapinha e secador e também o não reconhecimento de si, dificultado ainda mais, pelas pressões sociais e preconceitos vividos. O cabelo vem como forte ícone identitário, marca a negritude.