Resumo

O senso comum associa, muitas vezes, o significado do lazer às atividades recreativas, fato que pode ser explicado pela divulgação dos meios de comunicação de massa que restringem os conteúdos e valores do lazer. Nesse sentido, a visão que o lazer assume perante a sociedade em geral é a de que a pessoa possa apenas descansar e divertir-se, não menos importante. O descansar está muitas vezes associado a alguma viagem, estar num local mais calmo ou simplesmente dormir. E a diversão está relacionada a brincadeiras "prontas". Assim, se questiona como se educa para o lazer, de forma que as pessoas saibam usufruir seu "tempo livre" de diversas formas? Segundo estudos, há no lazer possibilidades que vão além do descanso e do divertimento, ocorre o desenvolvimento pessoal e social dos envolvidos. Objetivou-se na presente pesquisa analisar as origens da concepção do lazer como objeto da educação, evidenciando os sentidos do lazer na literatura e sua aplicabilidade em uma creche da cidade de Bauru-SP. Inicialmente, por meio de pesquisa histórica e do método da sociologia do conhecimento evidenciaram-se e foram sistematizadas as concepções do lazer e suas origens na perspectiva da educação. Constatou-se: a) o lazer como fruto de reivindicações sociais, após a Revolução Industrial, passa a ser visto como direito social, onde ganhou importância nos setores públicos, pois a busca por uma menor jornada de trabalho, por um "tempo de folga" fez com que o lazer ganhasse maior importância para a manutenção da qualidade de vida; b) a sociedade não foi educada para que se vivencie um lazer de qualidade, que contribua de forma significativa para o desenvolvimento do ser humano e que potencialize a criatividade, supere a ordem social, repense valores e atitudes; consequentemente, c) estudiosos defendem o lazer como objeto de educação, conceituando como como algo não obrigatório, o qual o indivíduo escolhe livremente, e tal atividade propicia recuperação psicológica e o desenvolvimento pessoal e social. Atuou-se como observador participante, intervindo por meio de atividades lúdicas com o objetivo de se educar para e pelo lazer, de forma que se pôde comprovar que a maioria das atividades são desenvolvidas sem diretrizes e fundamentação teórica no campo do lazer, especialmente, no que diz respeito aos princípios educacionais encontrados nos componentes lúdicos e pela vivência de forma ativa no lazer. Concluiu-se que o pensamento intelectual do entendimento do lazer no campo da educação se trata de algo que amplie e faça com que os envolvidos descubram novas formas de ocupação do seu "tempo livre. Porém, as instituições de ensino, formais ou não, ainda se apresentam seguindo repertórios de atividades prontas, sem um propósito de desenvolvimento social ou pessoal, priorizando a "distração", mascarando os problemas sociais das comunidades em que se inserem.

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