Resumo

Policiais apresentam alta prevalência de desfechos negativos à saúde, como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes e obesidade. As características da profissão associam-se a preditores de doenças cardiometabólicas. A prevalência de anormalidades metabólicas e síndrome metabólica é significativamente maior entres os profissionais de segurança pública quando comparados à população em geral. Em paralelo, sabe-se que a aptidão física é um componente necessário para o desempenho profissional policial e é um preditor independente de doença cardiovascular na idade adulta. Objetivo: Identificar a prevalência de fatores de risco cardiometabólico e de síndrome metabólica (SM), em associação com a aptidão física, em policiais militares de um estado da região norte do Brasil. Materiais e Métodos: Realizou-se uma pesquisa epidemiológica observacional com delineamento transversal analítico. A amostra foi composta por 968 policiais militares, do sexo masculino, com a média de idade 42,2 +7,1 anos e IMC de 27,6±3,8 kg/m2 . A avaliação contou com indicadores sociodemográficos e profissionais, bem como a avaliação da aptidão cardiorrespiratória (ACR) (questionário de Jackson); da flexibilidade (teste sentar e alcançar); da composição corporal por meio de medidas antropométrica de massa corporal, estatura, circunferências de cintura e percentual de gordura (Pollock com 3 dobras); da pressão arterial de repouso; do comportamento sedentário (Questionário autorrelato); do nível de atividade física (IPAQ versão curta), além da avaliação dos componentes da SM por meio da análise do histórico clínico de saúde e de exames laboratoriais. A normalidade dos dados foi testada por meio do teste de Shapiro-Wilk e o teste qui-quadrado foi utilizado para examinar as associações entre as variáveis de interesse. Empregou-se a regressão logística para verificar a associação dos preditores de síndrome metabólica com os componentes da aptidão física e de variáveis sociodemográficas e profissionais, conforme cada caso, sempre ao nível de 5%. Resultados e Discussão: A maioria dos policiais pesquisados possuíam ao menos uma anormalidade metabólica (83,9%). Verificou-se uma alta prevalência de SM (34,4%). Mais da metade dos voluntários (52,2%) apresentaram baixa ACR (<12 Mets). A baixa ACR, a obesidade, a menor escolaridade e o maior tempo de serviço na carreira foram os preditores significativos no modelo multivariado associados à maior chance de o policial ter SM, com destaque para a baixa ACR, que foi o preditor mais fortemente associado com a SM. Conclusão: Nossos achados reforçam a alta prevalência de desfechos cardiometabólicos negativos em policiais militares em pleno exercício da profissão. O conjunto de anormalidades metabólicas e o baixo nível de aptidão física observados expressam condições preocupantes para a saúde da maioria dos integrantes da força pública policial. Os achados suportam a recomendação de monitoramento epidemiológico contínuo de policiais militares que atuam no serviço operacional, bem como de recomendações para a inclusão de treinamento físico sistemático e de avaliações rotineiras de aptidão física, visando a redução dos riscos cardiometabólicos e a promoção da saúde desses profissionais da segurança pública.

Acessar Arquivo