Resumo

A doença cardiovascular é a principal causa de morte no mundo e no Brasil. A manifestação da doença cardiovascular aterosclerótica, a mais comum das doenças cardiovasculares, é evidenciada principalmente na vida adulta, entretanto o processo aterosclerótico inicia-se na infância e, em ambas as fases, este processo se atrela à presença de fatores de risco cardiovascular. Por outro lado, a prática regular de atividade física e a manutenção de uma aptidão física elevada auxiliam no controle do risco cardiovascular. Entretanto, as relações entre esses aspectos (risco cardiovascular, atividade física e aptidão física) são influenciadas por fatores genéticos e ambientais. Visando o entendimento mais profundo dessas associações em um contexto socioeconômico pouco explorado, uma cidade de pequeno porte, esta tese teve por objetivo investigar em famílias nucleares de Muzambinho - MG: i) a associação entre indicadores de risco cardiovascular e de atividade e aptidão físicas em crianças/adolescentes e adultos e; ii) a agregação familiar e a heritabilidade desses fenótipos. Para tanto, foram utilizados dados coletados entre 2008 e 2009, em 139 famílias de Muzambinho, compostas por 237 pais e 246 filhos, nos quais foram avaliados: composição corporal (índice de massa corporal e circunferência da cintura), fatores metabólicos (glicemia e colesterolemia de jejum), fatores cardiovasculares (pressão arterial sistólica e diastólica), indicadores de atividade física (volume semanal de atividade física total) e a aptidão física (aptidão aeróbica e força manual). A análise estatística incluiu análise exploratória, regressões simples e múltiplas e técnicas de análise de Epidemiologia Genética. Observou-se que nas crianças/adolescentes, os indicadores de obesidade diminuíram com o aumento da aptidão aeróbica, enquanto que a glicemia e o risco cardiovascular global diminuíram com o aumento do volume semanal de atividade física total. Nos adultos, o índice de massa corporal diminuiu com o aumento da força manual, enquanto que a pressão arterial diastólica diminuiu com o aumento do volume semanal de atividade física total. Nas famílias de Muzambinho, os indicadores de risco cardiovascular apresentaram agregação familiar e heritabilidade baixas a moderadas, o que também foi observado para a força muscular manual. Esses resultados sugerem que, numa população com características semelhantes às da população de Muzambinho, as associações entre risco cardiovascular e atividade/aptidão física variam de um indicador para outro e que há influência genética e do ambiente compartilhado pela família nos indicadores de risco cardiovascular e na força manual

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