Ritmo, Música e Movimento: a Ginástica Expressiva de Rudolf Bode em Contraponto com a Rítmica de Jaques-dalcroze
Por José Rafael Madureira (Autor).
Em XIV Congresso de História do Esporte, do Lazer e da Educação Física - CHELEF
Resumo
O início do século XX foi cenário de um verdadeiro culto ao ritmo. Eurritmia era a palavra de ordem. Pintores, médicos, coreógrafos, filósofos, compositores e escritores estavam convencidos de que o retorno ao ritmo primordial do homem poderia resgatar a sociedade moderna de sua crise manifesta. Não por acaso, Stravinsky compôs Sagração da Primavera em 1913, estreando-a ao lado de Nijinky, que desenhou uma dança desprovida de qualquer resquício romântico. Inúmeros sistemas de ginástica desenvolveram-se à luz desse ideal, destacando-se a Ginástica Rítmica de Jaques-Dalcroze, concebida como preparação para todas as artes, em especial para a música, para a dança e para o teatro. Com base na Rítmica de Dalcroze, Rudolf Bode desenvolveu a Ginástica Expressiva (Ausdrucksgymnastik). Embora tenha sido discípulo de Jaques-Dalcroze, Bode teceu violentas críticas contra a Rítmica, chegando ao ponto de afirmar que o sistema de Dalcroze não poderia sustentar essa denominação, pois não estabelecia qualquer relação com o ritmo. De fato, muitas dissonâncias e alguns desafetos podem ser percebidos entre os dois autores, mas as semelhanças existem, sendo que ambos se orientaram na experiência do ritmo musical como desencadeador de uma educação mais expressiva do corpo.