Resumo

Esta apresentação performativa on-line surge como um rito-manifesto assentado nas memórias de brincante, na busca pela canalização da potência dançante desencadeada pelas memórias deixadas pelo encontro com a morte – seja no campo das brincadeiras populares seja nas biografias de seus brincantes – e na construção de um rito in memorian capaz de fazer (re) nascer o seu ciclo criativo nesse momento atravessado pela perda de mais de 542.260 vidas. Para isso o brincante costura em seu corpo elementos advindos das narrativas sobre a morte presentes em diversas brincadeiras populares com as quais teve contato, propondo então a construção provisória de um rito-brincadeira que lhe possibilite ressignificar elementos autobiográficos relacionados tanto ao encerramento de seus ciclos particulares quanto aos sentidos e sentires que o atravessam em decorrência das perdas causadas pela pandemia de COVID-19. Tomando mais especificamente a morte do Boi como metáfora poética para a sua construção o brincante divide seu rito-brincadeira em três momentos distintos: O lamento fúnebre, a sacralização da ausência e a celebração do (re) nascimento. Neste rito-brincadeira, no isolamento solitário de sua morada, o brincante joga com as diversas posições que assume, levando quem o acompanha em sua dança a questionar-se sobre os sentidos e significações possíveis diante dos símbolos que juntos mobilizam-se. Zé, o Boi e Catirina são as figuras convidadas a entrar na roda, para com ele e por ele dançarem o ciclo da vida-morte-vida presentes nesse rito-brincadeira e experimentado por todos aqueles que compartilham o solo comum da existência.

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