Resumo

Resumo: A capoeira é observada, nessa pesquisa, como um fenômeno estético, em que o corpo se manifesta por meio da dinâmica de forças e a experiência com o belo surge como um dos resultados característicos desse jogo. Com o processo de institucionalização dessa manifestação popular, o entendimento e o julgamento moral se sobrepõem ao dado sensível, ao corpo que se expressa em roda. Observam-se, nesse novo ambiente, mudanças dos valores atribuídos à capoeira e ao seu personagem, o capoeira, que passam a dialogar com discursos da ciência assimilando outras referências, como o esporte e a pedagogia, oriundas de uma ordem racional estranha aos movimentos iniciais desse fenômeno marcado pela ancestralidade africana. Na contramão desse curso, encontramos resquícios do que foi, no passado, o principal local de vivência da capoeira, as rodas de rua de capoeira. Olhar para esses raros pontos, que tensionam para outras formas de se relacionar com a capoeira, nos revela uma potência humana buscando, na experiência coletiva, o acesso a outros estados de percepção do tempo, do espaço, do outro e de si. A Roda da Feira, evento que frequento e onde cultivo a capoeira há alguns anos, foi o objeto estudado. Ela ocorre aos sábados, na cidade de Campinas, durante uma feira de artesanatos, a Feira Hippie, e a roda se forma ao lado dos berimbaus, expostos e vendidos pelo artesão e mestre de capoeira - Mestre Bill. As investigações dessa experiência estética foram perspectivadas a partir da obra O Nascimento da Tragédia, do cismador de ideias e amigo de enigmas Friedrich Nietzsche. A dualidade Apolo e Dionísio, apresentada pelo filósofo, permitiu uma leitura dos movimentos de forças presentes na capoeira e, mais especificamente, estimulou reflexões sobre a Roda da Feira, onde os capoeiras, mobilizando constantemente forças apolíneas e dionisíacas - em um jogo ininterrupto entre as duas divindades - buscam a ampliação da potência de vida

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