Resumo

Este trabalho procura refletir sobre novas possibilidades da utilização da ferramenta do vídeo com crianças, onde assuntos relativos à identidade sejam permeados por questões como a diversidade cultural. A pesquisa se desenvolveu através da construção coletiva de um audiovisual por um grupo de crianças da Vila Verde, situada na Costa da Lagoa, em Florianópolis, Santa Catarina. Esta localidade se caracteriza por preservar um modo de vida tradicional, a partir de uma cultura de base açoriana. Durante muito tempo seus habitantes viveram da pesca e da lavoura familiar, assim como o restante da ilha de Santa Catarina. No entanto, devido à sua dificuldade de acesso e comunicação com a cidade, a Costa da Lagoa resistiu aos impulsos do crescimento urbano, preservando modos de relações peculiares que caracterizam a cultura do local. O método de investigação proposto nesta pesquisa parte da perspectiva da mídia-educação, procurando estabelecer relações também entre os referenciais da antropologia visual e do vídeoprocesso. A possibilidade de a pesquisa ser desenvolvida através de um processo envolvendo uma montagem audiovisual permite observar como as crianças se apropriam da ferramenta de uma forma lúdica, enquanto se permitem experimentar diferentes formas de captar o seu entorno. O ato de “brincar de fazer um vídeo” se torna um momento de associação entre os discursos da mídia e as representações realizadas nas brincadeiras, na medida em que ambas retratam valores e significados de uma cultura. 

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