São Paulo 500 Anos: as Instalações Esportivas e Recreativas em 2054
Integra
Amigos:
Sejam sinceros: vocês aceitariam o desafio de escrever um texto para participar em uma mesa-redonda num evento científico internacional projetando como serão as instalações esportivas e recreativas na cidade de São Paulo daqui 44 anos? Acredite, eu aceitei esse desafio…
Durante toda semana passada estive participando de dois grandes eventos técnico-cientìficos abordando o tema das instalações esportivas e recreativas: o III Seminário Nacional de Gestores de Cultura, Esporte e Lazer do SESI, com a presença de representantes dos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal e o II Congresso Ibero-Americano de Instalações Esportivas e Recreativas, com mais de 400 participantes de 16 países com 60 expositores.
Compartilhei essa mesa-redonda com a arquiteta Patrícia Totaro, especializada na construção de academias em todo país. Ela mostrou projetos inovadores, com instalações sustentáveis e destacou a tendência desses espaços ao combinar “Fitness+Wellness+Fun”.
Eu enveredei por uma “viagem no tempo”… Primeiro para trás (1966) para depois projetar para frente (2054)…
Parti do pressuposto do lazer, nas suas dimensões de tempo, espaço e atitude. É nesse espaço que a gestão do lazer pode ocorrer de forma estratégica e, por essa razão, tendo o futuro – independente de sua projeção – com objeto de estudo.
Muito mais que me aproximar de como serão as instalações esportivas e recreativas do futuro, me prendi mais a compreender possíveis contextos nesses anos tão distantes. Para tal fui me apoiar em alguns estudos realizados por pesquisadores associados à Sociedade Mundial do Futuro (www.wfs.org) e também em um capítulo de livro que escrevi há aproximadamente 20 anos atrás (“Recreação e lazer: o futuro em nossas mãos” in Moreira, W. W, 1992. Educação física e esportes, perspectivas para o século XXI). Nesse capítulo, após considerações de ordem conceitual, listei 15 elementos norteadores que deveriam ser objeto de atenção dos estudiosos e profissionais que atuariam nesses campos no início deste século.
Baseado na metodologia de pesquisa denominada “importance/performance”, na qual um grupo de especialistas avalia o grau de importância e o respectivo desempenho em determinadas situações, desenvolvi um instrumento de pesquisa que foi aplicado em julho e agosto deste ano a 140 técnicos de cultura, esporte, cultura e áreas correlatas do SESI, de seis estados brasileiros. Esse instrumento avaliou o grau de importância desses 15 elementos e respectivo desempenho em 2010 e logo após, projetaram como seria o mesmo grau de importância e desempenho desses elementos em 2030.
Embora pretenda abordar essa pesquisa em específico num outro texto por aqui, devo adiantar que o item “Defesa dos recursos ambientais” foi aquele que teve a maior dissonância no contraste importância/desempenho tanto em 2010 como em 2030, revelando a necessidade de maior aprofundamento dos estudos do lazer enquanto possibilidades de “usar sem abusar” nossos recursos naturais.
Finalizei minha exposição apresentando uma lista de 19 contextos que, em minha opinião, deverão pautar, no futuro, as possíveis preocupações dos profissionais de lazer tanto no âmbito da geração do conhecimento como na intervenção dos seus gestores.
Voltaremos falar mais dessa “viagem ao futuro”. Afinal, como apontei nesse trabalho, “estudar lazer é conceber um futuro utópico, projetando o porvir…”