Resumo
Vários têm sido os estudos a colocar os cursos de licenciatura em questão. No entanto, encontram-se poucas referências quanto a discussão e investigação sobre a prática do professor de educação física. Uma das possibilidades de abordagem desse tema, seria a investigação da satisfação no trabalho desses profissionais. O objetivo deste estudo foi comparar o grau de satisfação e significação no trabalho do professor de educação física com o de professores de outros componentes curriculares com mais "tradição escolar" (matemática e português). A hipótese subjacente a este estudo, era de que os professores de educação física manifestassem um grau diferente na satisfação, diante de componentes curriculares, tradicionalmente valorizados no meio escolar e pela sociedade, de maneira geral, supondo-se haver uma melhor preparação e capacitação profissional dos professores de português e matemática, diretamente relacionada à melhor sedimentação e compreensão do corpo de conhecimento destas duas áreas de estudo. Participaram do estudo, 236 professores, sendo 113 educação física, 62 de matemática e 61 de português de 1º e 2º graus das 1ª, 3ª, 5ª, 12ª e 14ª Delegacias de Ensino da cidade de São Paulo, Estado de São Paulo. Para coleta de dados foi aplicado um instrumento próprio, construído pela pesquisadora, validado após estudo piloto e parecer de especialistas. Os dados coletados, foram tratados através da análise fatorial, teste t (Student), análise de variância (anova-one way), com um nível de significância p < 0,05. Os resultados indicaram (a) uma diferença significativa (t = 2,01; p = 0,045; para gl = 234) nos escores de satisfação. Apontando uma tendência dos escores dos professores de educação física (189,80) significativamente maior que os dos outros componentes curriculares (184,63). (b) Para a atribuição de significado no trabalho, não houve diferença significativa entre os dois grupos (t = 0,95; p = 0,344; para gl = 234). Este resultado mostrou-se positivo para a área mas, de certa forma, inesperado, quanto à sua manifestação em relação a educação física escolar, principalmente pelo fato da produção acadêmica pontuar preocupações com os papéis e as finalidades que a educação física tem na escola, através de críticas sobre uma pseudo-preparação profissional e dúvidas quanto a clareza do papel da educação física nesse meio.