Resumo
Introdução: O aumento da expectativa de vida é um processo que se manifesta em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. A partir dos 40 anos de idade os sistemas biológicos começam a apresentar modificações fisiológicas do envelhecimento, nos sistemas cardiovascular, músculo esquelético e neural, refletindo em uma baixa percepção da qualidade de vida (QV). Nesse contexto, a atividade física (AF) gera adaptações no organismo que pode se refletir positivamente na percepção da QV. Desta forma, estudos focalizados em avaliar como os programas de exercício oferecidos pelos órgãos públicos podem influenciar no processo do envelhecimento fisiológico e na QV, são importantes, para fornecer subsídios para os profissionais de saúde, e também para dar suporte às políticas públicas, para que possam intervir de forma mais efetiva na saúde desta população. Objetivo: Investigar parâmetros fisiológicos ligados a saúde cardiovascular, parâmetros antropométricos e qualidade de vida de adultos em processo de envelhecimento, vinculados às atividades desenvolvidas em um programa público de AF. Metodologia: Após assinatura de termo de consentimento e aprovação em Comitê de ética, foram coletados dados de indivíduos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 40 anos, divididos em grupo de adeptos que eram aqueles que realizavam atividades no Serviço de Orientação ao Exercício (SOE) e o grupo de não adeptos que eram os sedentários. Para as comparações e associações entre os grupos, foi aplicada uma ficha com informações sócio demográficas, coletado dados antropométricos, teste cardiopulmonar de exercício (TCPE), avaliação das variações da pressão arterial (PA) no repouso e sob estresse, coleta de sangue para análise bioquímica, o questionário internacional de atividade física (IPAQ), recordatório alimentar de 24hrs e o questionário de qualidade de vida WHOQOL-8. O tratamento estatístico das variáveis contínuas com distribuição normal, foram descritas com média e desvio padrão; as variáveis ordinais ou assimétricas com mediana e intervalo interquartil, e variáveis nominais com frequência e porcentagem. Utilizou-se o teste "t" de Student não pareado e Qui-quadrado e exato de Fisher e considerando um nível de significância de 5%. Resultados: Foram encontradas diferenças entre os grupos para os dados do IMC, que os não adeptos apresentaram aumento de 17% quando comparados com os adeptos, bem como a massa corporal de 9%, já na QV os adeptos tiveram melhores resultados com diferença de 17% entre os grupos, e quando divididos em domínios, o físico, psicológico e meio ambiente foram os que apresentaram melhores valores. Quanto a classificação da aptidão cardiorrespiratória 20 dos 23 participantes adeptos do estudo, apresentaram classificação regular ou boa e os não adeptos 12 dos 23. Conclusão: Foram encontradas algumas diferenças nas variáveis entre os grupos. Principalmente em relação a QV, o que é importante pois o processo de envelhecimento não é apenas dependente de fatores biológicos, mas também de fatores externos. Sendo assim esses achados sinalizam para um efeito benéfico de programas públicos de AF, embora seja nescessário se investir em esclarecer, com novas investigações, se o efeito longitudional desta intervenção com AF tenha impacto na população estudada.