Resumo

As relações entre governo do viver e biopolítica estão muito presentes no campo da saúde e no da saúde coletiva. Contudo, a problematização deste campo de forças com suas permanentes disputas e atravessamentos, amplamente estudado pela saúde coletiva e por outros campos como o das ciências humanas e sociais, de modo geral, não é objeto de análise dos cursos de formação em educação física, incluindo os da universidade pública, que seguem enfatizando um modo de pensar e atuar sobre os corpos com base nos pressupostos de risco e no combate ao sedentarismo associado à prevenção de doenças. Embora nos últimos anos tenham sido produzidos importantes tensionamentos a partir da interlocução entre essas áreas, a questão que se coloca está para além da inclusão de uma disciplina de saúde coletiva nos cursos de formação em educação física, o que também é válido para as outras subáreas. Faz-se urgente interrogarmos os movimentos produzidos neste campo de forças bio-necropolítico. Experimentações que passam pela produção de porosidades que possibilitem nos ocuparmos e sermos ocupados(as) pelos saberes, fazeres, questões e modos de viver de corpos considerados descartáveis, que seguem produzindo coletivamente e de diferentes maneiras mais vida em distintos territórios-borda, como visibilizamos e vivenciamos também durante a pandemia para além dos muros da academia. Tessituras que nos ensinam sobre modos de nos implicarmos contra o “fazer viver-deixar morrer”, cuja materialidade ganhou contornos de crise sanitária-humanitária no contexto da pandemia de Covid-19, atingindo-nos a todos(as) de diferentes maneiras.

Acessar