Seguiremos colonizadas(os) e colonizando… neste porvir pandêmico?
Por Valéria Monteiro Mendes (Autor), Luana de Oliveira Candido (Autor), Viviana Graziela de Almeida Vasconcelos Barboni (Autor), Yara Maria de Carvalho (Autor).
Resumo
As relações entre governo do viver e biopolítica estão muito presentes no campo da saúde e no da saúde coletiva. Contudo, a problematização deste campo de forças com suas permanentes disputas e atravessamentos, amplamente estudado pela saúde coletiva e por outros campos como o das ciências humanas e sociais, de modo geral, não é objeto de análise dos cursos de formação em educação física, incluindo os da universidade pública, que seguem enfatizando um modo de pensar e atuar sobre os corpos com base nos pressupostos de risco e no combate ao sedentarismo associado à prevenção de doenças. Embora nos últimos anos tenham sido produzidos importantes tensionamentos a partir da interlocução entre essas áreas, a questão que se coloca está para além da inclusão de uma disciplina de saúde coletiva nos cursos de formação em educação física, o que também é válido para as outras subáreas. Faz-se urgente interrogarmos os movimentos produzidos neste campo de forças bio-necropolítico. Experimentações que passam pela produção de porosidades que possibilitem nos ocuparmos e sermos ocupados(as) pelos saberes, fazeres, questões e modos de viver de corpos considerados descartáveis, que seguem produzindo coletivamente e de diferentes maneiras mais vida em distintos territórios-borda, como visibilizamos e vivenciamos também durante a pandemia para além dos muros da academia. Tessituras que nos ensinam sobre modos de nos implicarmos contra o “fazer viver-deixar morrer”, cuja materialidade ganhou contornos de crise sanitária-humanitária no contexto da pandemia de Covid-19, atingindo-nos a todos(as) de diferentes maneiras.