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Há uma real tristeza e desânimo entre atletas, técnicos e dirigentes devido à falta dinheiro para o esporte. A fartura dos últimos dezesseis anos – que provocou boa dose de corrupção – acabou. Agora, a crise geral nas finanças públicas obriga apertar o cinto até em setores prioritários, saúde e a educação. A isso, some-se a falta de um plano mínimo de governo para o esporte, além de um visível desmonte do que funcionava. Aliás, com o devido respeito aos contrários, falta plano mínimo para tudo.
Virou rotina ver jovens atletas pedindo dinheiro nos sinais de trânsito, Brasil afora, para viagens de competições. Outros optam por vaquinhas. Mas somos um país “olímpico”!
Em Brasília, o programa Clube dos DescalS.O.S, iniciativa social-esportivas do medalhista de ouro Joaquim Cruz, está fechando as portas e encerrando trinta anos de história. “Rumo ao Pódio Olímpico”, outro projeto do Instituto Joaquim Cruz, segue o triste roteiro do fim das atividades.
Recordista mundial da maratona (2h06min05s), em 1998, o mineiro Ronaldo da Costa está rifando a tocha olímpica que carregou nos Jogos Rio 2016. Ele tenta salvar dois projetos sociais em regiões carentes de Brasília.
Até o Comitê Olímpico entrou no sufoco. O projeto “Por um Time Chamado Brasil”, financiado pelo governo passado, foi para o espaço. Bolsas para atletas são suspensas e outras encerradas. Enfim, as fontes públicas secaram. O esporte está à deriva e não temos liderança para tentar dar rumos ao setor.
E por que vivemos essas fases de sobe-e-desce? A explicação é simples.
Em 1993 entrou em vigor a Lei Zico, nº 8.672, estabelecendo normas para a elaboração de um “Plano Nacional do Esporte” (PNE). Essa legislação foi atualizada em 1998, com a Lei Pelé, nº 9.615, que também fixava normas para o tal “Plano”. Pois até hoje, 26 anos depois da primeira citação sobre o assunto, o Brasil não tem o seu Plano Nacional do Esporte. Vários governos, inúmeros ministros e ninguém tomou qualquer iniciativa. Sem esse documento não temos prioridades no orçamento público, atribuições de competências aos municípios, estados e União, projetos de longo prazo, e não de ocasião e eleitoreiros, como os que surgem com ministros de curta duração.
Precisamos de um plano de esporte em nível de “Estado”, pois o que temos, historicamente, são planos passageiros de governo. Em decorrência, chegamos a esse ponto de decadência, depois de investimentos públicos de R$ 8 bilhões em praças olímpicas.
Sediamos os maiores eventos esportivos do planeta. Copa do Mundo, Olimpíada, Paralimpíada, Jogos Mundiais Escolares, Indígenas, Militares, Copa das Confederações... E daí? Foram eventos de momento! Apenas emoções passageiras para o público e muito dinheiro para os espertos. E é triste observar que clubes, atletas e cartolas ficaram só na dependência da verba pública, como se fosse eterna. Alguns – muitos – atletas tinham até quatro fontes de pagamentos públicos mensais. Quatro! Foi cada um por si, e nem lideranças formaram. O resultado está aí. O caos chegou.