Integra

Iniciamos hoje no Blog do CEV a publicação de uma série de textos que trazem reflexões acerca da Educação Física, que estejam relacionadas à Pandemia, quarentena e isolamento social. Nosso intuito é apresentar um texto por semana. Esperamos cumprir esse desafio e que nossos textos repercutam de modo a propiciar debates em torno dos temas trazidos. 

Estamos, no Brasil, entrando na nossa 12ª semana de quarentena. Muito já aconteceu, mas nos dedicaremos a discorrer sobre fatos mais recentes, aqui e no restante do mundo.

Nos Estados Unidos, não bastasse a devastação provocada pelo Covid 19, explodiram protestos contra o racismo, desencadeados pelo brutal assassinato de George Floyd. Em meio a tanta tensão, o criador da marca Crossfit, de academias de ginástica, Greg Glassman, tripudiou sobre o assassinato: para ironizar o serviço de saúde norteamericano, que classificou o racismo como problema de saúde, Glassman disse que o racismo agora era o Floyd 19, em alusão ao Covid. Para Glassman, que deveria preservar sua marca, racismo e pandemia são piadas.

As consequências de sua infeliz e terrível fala/posicionamento rapidamente vieram à tona.  O site metrópoles.com apresentou dia 11/6 a notícia de que a Reebok e várias academias cortaram relações comerciais com a Crossfit. Seria o começo da sua derrocada?   

Enquanto isso, no Brasil, anteriormente a esse acontecimento, proprietários de academias, professores, conselhos de classe (Confef e Crefs) e alguns pesquisadores já apoiavam, e continuam apoiando, a reabertura das academias, alegando serem um serviço essencial de saúde. A que saúde se referem? Aquela pregada por Greg Glassman? Para nós, durante a pandemia, saúde é isolamento horizontal, é distanciamento social, é uso de máscaras, é evitar contatos com pessoas e superfícies. Não estamos discutindo a importância da prática de atividades físicas (preferimos falar em prática corporal, dotada de sentido e significado) para a qualidade de vida e para o combate do sedentarismo e prevenção de doenças. Mas para nós, nesse momento, saúde é preservação da vida! E a realização de práticas corporais não se limita ao ambiente de academias, espaço que, como sabemos, dificilmente conseguirá atender às recomendações da OMS para evitar a disseminação do vírus. 

Certamente, a maioria dos franqueados da marca Crossfit não faria piadas com racismo ou pandemia, porém, se não concordam com o idealizador da marca, deveriam, na nossa opinião, se manifestar. Também deveriam se manifestar quanto ao ato de Glassman, todas as entidades (associações científicas, conselhos de classe - o Confef e os Crefs, Universidades, centros/grupos de pesquisa, dentre outras), tal como já realizado por algumas delas, dizendo em alto e bom som que se posicionam contra o racismo e favoravelmente à preservação de vidas durante a pandemia. Poderiam, aqueles favoráveis à abertura das academias, declarar seu conceito de saúde e de que maneira a reabertura das academias contribuiria com ela nas atuais circunstâncias.