Sessões Consecutivas de Treinamento Afetam a Concentração da Imunoglobulina Salivar a em Jovens Jogadores de Basquetebol?
Por Amanda Wirgues (Autor), Ana Carolina Paludo (Autor), Ademir Felipe Schultz Arruda (Autor), Alexandre Moreira (Autor), Raísa Valvassori (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: Períodos insuficientes de recuperação entre sessões de treinamento podem causar imunosupressão e levar a um aumento do risco de infecções, particularmente das infecções do trato respiratório superior (ITRS). A queda transitória na concentração de imunoglobulina salivar A (SIgA) tem sido considerada como um preditor do risco para ITRS. Contudo, ainda se desconhece o efeito de sessões consecutivas de treinamento na concentração de SIgA em jovens jogadores de basquetebol, os quais são comunente expostos a essa dinâmica de treinamento. Objetivo: Verificar o efeito de duas sessões consecutivas de treinamento na concentração de SIgA, em jovens jogadores de basquetebol. Métodos: A amostra foi composta por 9 jovens jogadores de basquetebol da categoria Sub-14 (71,6 ± 11,6 kg; 176 ± 10 cm). Foram realizadas duas sessões de treinamento em dias consecutivos, mantendo-se o mesmo horário de início. As sessões tiveram duração de 94 e 85 minutos, respectivamente, e foram constituídas de aquecimento padronizado, seguido de treinamento técnico-tático. As coletas salivares ocorreram antes do início da 1ª sessão de treinamento (T1) e 48 horas após (T2) (24 horas após a 2ª sessão de treinamento). A concentração de SIgA foi determinada pelo método de enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA). A percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE da sessão) foi respondida 30 minutos após o término das sessões. Para determinação da carga interna de treinamento (CIT), utilizou-se o produto da PSE da sessão pela duração total da sessão (em minutos). A normalidade dos dados foi testada utilizando-se o teste de Shapiro-Wilk. Para a comparação da concentração de SIgA (T1 vs T2) , PSE da sessão e CIT de cada sessão foi utilizado o teste-t pareado. O nível de significância adotado foi de 5% (p≤ 0,05). Os resultados são apresentados na forma de média e desvio padrão. Resultados: Não foram verificadas alterações significantes (p = 0,57) para a concentração de SIgA salivar entre T1 e T2 (197 ± 114 e 241 ± 157 ug/mL, respectivamente). A PSE da sessão foi caracterizada como “difícil” para ambas as sessões, sem diferenças significantes (p = 0,695) entre T1 e T2 (5,7 ± 1,5 e 5,5 ± 1,3 UA, respectivamente). Os valores para a CIT sugerem elevada carga de treinamento nas duas sessões, porém, sem diferença significante entre as sessões de treinamento (538 ± 127; 474 ±99 UA, respectivamente; p = 0,18). Conclusão: A manutenção de elevada CIT em dois dias consecutivos de treinamento não afetou a concentração de SIgA dos jovens jogadores analisados. O resultado do estudo sugere que duas sessões consecutivas de treinamento de elevada intensidade não influenciam negativamente a imunidade da mucosa oral nessa população. Contudo, futuros estudos poderiam avaliar o efeito de um maior número de sessões consecutivas de treinamento, com alta intensidade de carga, na resposta de SIgA, o que em última instância poderia auxiliar os treinadores na organização das cargas de treinamento nos microciclos de preparação, reduzindo os riscos de diminuição transitória da imunidade da mucosa oral.