Resumo

Introdução: Períodos insuficientes de recuperação entre sessões de treinamento podem causar imunosupressão e levar a um aumento do risco de infecções, particularmente das infecções do trato respiratório superior (ITRS). A queda transitória na concentração de imunoglobulina salivar A (SIgA) tem sido considerada como um preditor do risco para ITRS. Contudo, ainda se desconhece o efeito de sessões consecutivas de treinamento na concentração de SIgA em jovens jogadores de basquetebol, os quais são comunente expostos a essa dinâmica de treinamento. Objetivo: Verificar o efeito de duas sessões consecutivas de treinamento na concentração de SIgA, em jovens jogadores de basquetebol. Métodos: A amostra foi composta por 9 jovens jogadores de basquetebol da categoria Sub-14 (71,6 ± 11,6 kg; 176 ± 10 cm). Foram realizadas duas sessões de treinamento em dias consecutivos, mantendo-se o mesmo horário de início. As sessões tiveram duração de 94 e 85 minutos, respectivamente, e foram constituídas de aquecimento padronizado, seguido de treinamento técnico-tático. As coletas salivares ocorreram antes do início da 1ª sessão de treinamento (T1) e 48 horas após (T2) (24 horas após a 2ª sessão de treinamento). A concentração de SIgA foi determinada pelo método de enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA). A percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE da sessão) foi respondida 30 minutos após o término das sessões. Para determinação da carga interna de treinamento (CIT), utilizou-se o produto da PSE da sessão pela duração total da sessão (em minutos). A normalidade dos dados foi testada utilizando-se o teste de Shapiro-Wilk. Para a comparação da concentração de SIgA (T1 vs T2) , PSE da sessão e CIT de cada sessão foi utilizado o teste-t pareado. O nível de significância adotado foi de 5% (p≤ 0,05). Os resultados são apresentados na forma de média e desvio padrão. Resultados: Não foram verificadas alterações significantes (p = 0,57) para a concentração de SIgA salivar entre T1 e T2 (197 ± 114 e 241 ± 157 ug/mL, respectivamente). A PSE da sessão foi caracterizada como “difícil” para ambas as sessões, sem diferenças significantes (p = 0,695) entre T1 e T2 (5,7 ± 1,5 e 5,5 ± 1,3 UA, respectivamente). Os valores para a CIT sugerem elevada carga de treinamento nas duas sessões, porém, sem diferença significante entre as sessões de treinamento (538 ± 127; 474 ±99 UA, respectivamente; p = 0,18). Conclusão: A manutenção de elevada CIT em dois dias consecutivos de treinamento não afetou a concentração de SIgA dos jovens jogadores analisados. O resultado do estudo sugere que duas sessões consecutivas de treinamento de elevada intensidade não influenciam negativamente a imunidade da mucosa oral nessa população. Contudo, futuros estudos poderiam avaliar o efeito de um maior número de sessões consecutivas de treinamento, com alta intensidade de carga, na resposta de SIgA, o que em última instância poderia auxiliar os treinadores na organização das cargas de treinamento nos microciclos de preparação, reduzindo os riscos de diminuição transitória da imunidade da mucosa oral.

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