Resumo

Introdução: Comportamentos de risco, como o tabagismo, a inatividade física, o consumo excessivo de sal e de álcool estão potencialmente associados à hipertensão arterial sistêmica. Entretanto, a simultaneidade desses fatores tende a aumentar as consequências deletérias para a saúde e pouco tem sido investigado sobre o assunto. Objetivo: Analisar a associação dos agrupamentos de quatro comportamentos de risco (tabagismo, inatividade física, consumo excessivo de sal e de álcool) com a hipertensão arterial sistêmica na população brasileira. Materiais e método: Os dados do presente estudo são provenientes do inquérito telefônico Vigitel, com amostra probabilística da população adulta das 27 capitais do Brasil. A coleta de dados foi realizada de maio a dezembro de 2015. A hipertensão arterial sistêmica foi avaliada pela questão: Algum médico já lhe disse que o(a) Sr.(a) tem pressão alta?. Os comportamentos de risco também foram definidos por autorrelato (uso de cigarro, realizar menos 150 minutos de atividade física no lazer e consumir sal e álcool em excesso). Empregou-se a regressão logística binária ajustada para variáveis sociodemográficas em um modelo de análise ponderada conforme composição sociodemográfica da população de cada cidade investigada. Resultados: Dentre as 16 possíveis combinações com os quatro fatores de risco analisados, observou-se que os agrupamentos com apenas a inatividade física como comportamento de risco (OR: 1,22; IC95%:1,04 – 1,42); consumo excessivo de sal e inatividade física (OR:1,2; IC95%:1,02 – 1,60); consumo excessivo de álcool e inatividade física (OR:1,66; IC95%: 1,24 – 2,21) e tabagismo, consumo excessivo de sal e inatividade física (OR: 2,18; IC95%: 1,14 4,17) apresentaram as associações mais fortes com a ocorrência da hipertensão arterial sistêmica, confrontados com a categoria de referência de ausência de todos os comportamentos de risco (tabela 1). Observou-se, ainda na tabela 1, que apenas o consumo de álcool como comportamento de risco apresentou menor probabilidade de ocorrência da doença (OR: 0,74; IC95%: 0.55; 0.99). Conclusão: A simultaneidade de alguns comportamentos de risco aumentou a probabilidade de ocorrência de hipertensão arterial sistêmica na população adulta do Brasil, evidenciando-se, em especial, a inatividade física como o principal comportamento em comum para tal resultado. Dessa forma, recomenda-se que futuras intervenções voltadas ao controle da hipertensão arterial sistêmica focalizem no combate à inatividade física, sem esquecer de outros comportamentos potencialmente associados à essa doença.

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