Resumo
Sintomas depressivos, sedentarismo e obesidade são problemas de saúde pública prevalentes em idosos e, quando presentes, podem diminuir a qualidade de vida e aumentar a incapacidade no envelhecimento. O presente estudo teve como objetivo geral estudar a associação entre sintomas depressivos, atividade física e obesidade de idosos residentes no município de São Paulo Estudo SABE: Saúde, Bem-estar e Envelhecimento. Realizou-se estudo longitudinal, com amostra de 826 idosos. Os sintomas depressivos (SD) foram avaliados pela Escala de Depressão Geriátrica (GDS), forma abreviada de 15 itens. Foram excluídos idosos com comprometimento cognitivo e que haviam tido ajuda de informante para responder à GDS. O nível de atividade física foi avaliado pelo IPAQ (International Physical Activity Questionnaire, questionário internacional, validado e adaptado para idosos) e a obesidade pelo cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). Para a classificação do estado nutricional, utilizou-se a classificação da OPAS(2002). Informações sociodemográficas e econômicas (sexo, idade, escolaridade, arranjo familiar, situação conjugal, percepção de renda, situação ocupacional e arranjo familiar), informações sobre condições de saúde e importância da religião também foram avaliadas. As associações foram estudadas por meio do teste de Rao-Scott. Foi realizada a análise múltipla por meio da regressão logística (RL) tipo stepwise/forward. Foram incluídas no modelo da RL todas as variáveis que apresentaram p<0,20 na análise univariada e outras variáveis de relevância teórica. O programa estatístico utilizado para análise de dados foi o programa estatístico Stata (versão 12.0), sendo para todas as análises utilizado o nível de significância de 5 por cento . Obteve-se prevalência de 12,92 por cento de sintomas depressivos. Associaram-se significativamente a SD: sexo (OR: 3,44;IC95 por cento : 1,93-6,16), percepção de saúde classificada como regular (OR: 3,60;IC95 por cento : 1,80-7,17) e ruim (OR: 9,23;IC95 por cento : 3,32-25,66), dificuldades em realizar de uma a duas atividades básicas da vida diária (OR:1,80;IC95 por cento : 1,03-3,16) ou três ou mais atividades básicas da vida diária (OR:4,15;IC95 por cento : 1,72-10,0), ter sido classificado como insuficientemente ativo quanto às práticas de caminhadas (OR:2,38;IC95 por cento : 1,17-3,32) e não ter relatado a religião como importante em sua vida (OR:9,75;IC95 por cento : 2,10-45,14. A incidência de sintomas depressivos foi de 28,6 casos por 1.000 pessoas ano (IC: 22,7-36,7), associando-se significativamente à: tomar entre um a quatro medicamentos (OR: 3,43; IC95 por cento :1,67 7,07) e cinco ou mais medicamentos (OR:81,39; IC95 por cento :8,42-786,70), ter dificuldades para realizar de uma a duas atividades básicas da vida diária (OR:2,0; IC95 por cento : 1,04-3,85), perceber a saúde como ruim (OR: 3,85; IC95 por cento : 1,21-12,26). Praticar de forma irregular atividades físicas como a caminhada também foi um fator de risco associado aos sintomas depressivos, apesar da associação ter sido limítrofe (OR: 1,78; IC95 por cento : 0,98 3,22). Portanto, não se obteve associação significativa entre sintomas depressivos e obesidade, mas constatou-se associação de sintomas depressivos com a prática de caminhada e outros fatores que corroboram com a literatura nacional e internacional