Resumo
Esta dissertação apresenta a prática corporal do Sistema Rio Aberto criada na Argentina, na década de 60, pela psicóloga Maria Adela Palcos. A prática, que tem como único fundamento o aspecto movente da vida, atua no sentido de despertar o homem para o presente – para sua própria história e para a vida coletiva. Por isso, ressalta a importância da experimentação antes de qualquer compreensão. A partir do movimento corporal e de uma atenção à experiência, é possibilitada a dissolução de atitudes mecanicizadas que aprisionam a vida do ser humano em restritos modos de operar – algo que se coaduna com um corpo funcionando na repetição dos mesmo gestos, pensamentos, sentimentos e maneiras de agir. A questão da mecanicidade, no contemporâneo, pode ser entendida na esteira do cartesianismo ou do mecanicismo, onde a partir da separação mente e corpo, si e mundo, o homem se reconhece como um ‘eu’ separado de uma experiência corporal, precisando de modelos e regras para conduzir-se na vida . O método do Rio Aberto se de sdobra através da Roda, que é como os participantes se dispõem nas atividades, e, também, através de uma imitação inventiva, que é como o instrutor convida-os a transitarem por outros modos de existência. Faz-se acesso ao coletivo, e, com ele, corpos são movidos em conexão com o ‘si’ e com o ‘mundo’. Neste sentido tanto a prática quanto a discussão teórica cola boram na criação do tema que caminha com aquilo que este trabalho ilumina: a consciência própria do corpo. É ela que permite ao homem viver em conexão com o movimento do presente, a partir do plano dos afetos e não de uma racionalidade distanciada do concreto. O corpo, assim, emerge na inseparatividade entre o mundo e a experiência de si.