Sistemas de bicicletas compartilhadas em Brasília/DF: Um estudo sobre os padrões de viagem dos usuários e seus níveis de atividade física
Por Gabriel Martins Arruda Sousa (Autor), Juliana de Castro Silva (Autor), Ricardo Brandão de Oliveira (Autor).
Em XV Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde - CBAFS
Resumo
Sistemas de Bicicletas Compartilhadas (SBC) podem contribuir para o aumento dos níveis de atividade física (AF), mas seus usuários e padrões de uso são heterogêneos. Três padrões principais são identificados: Recreativo (uso por lazer); Utilitário (deslocamentos pendulares) e Serviço (associado a entregas). Compreender esses padrões de utilização é essencial para avaliar a eficiência dos SBC e os possíveis impactos sobre os níveis de AF dos usuários. OBJETIVO: Analisar os padrões de viagens e respectivos níveis de AF de usuários do SBC em Brasília/DF. MÉTODOS: Análise transversal de 581.889 viagens realizadas pelos 102.832 usuários com idade média de 32±10 anos, realizadas entre 2021 e 2023. Os níveis de AF semanal foram calculados a partir da duração de cada viagem realizada. Foram criados grupos em função do nível de AF: insuficientemente ativos (<150 min/sem), ativos (150-299 min/sem) e muito ativos (≥300 min/sem). Análises descritivas, ANOVA e o teste do Qui-Quadrado foram adotados. Resultados: O padrão recreativo foi mais frequente (~68%), seguido pelo utilitário (~22%) e serviço (~10%). Houve diferenças significativas na duração média das viagens entre padrões de Serviço (181±58 min), Recreativo (37±29 min), Utilitário (7±3 min) (p<0,001 para todas as comparações). No perfil Serviço, 94,3% foram classificados como ativos ou muito ativos, contra 12,9% e 13,9% nos perfis Recreativo e Utilitário, respectivamente. CONCLUSÃO: Embora os padrões de uso recreativo e utilitário sejam os mais frequentes dentre usuários do SBC, o uso para fins serviço foi o que apresentou maior duração média de viagens, com 94% de usuários atendendo às recomendações mínimas de atividade física semanal. Estes resultados levantam o questionamento sobre o uso do SBC como estratégia de promoção de atividade física qualificada, uma vez que o padrão de serviços possui um caráter de uso por necessidade, muitas vezes em condições de vulnerabilidade do trabalhador.