Resumo


O caminho das mãos e dos pés que voam, esse é o significado da palavra “taekwondo”, a arte marcial coreana que era praticada pelo exército na antiguidade daquela região. O esporte é constituído em um ambiente que requer esforços sobre-humanos e pressões provenientes de várias fontes e, associadas à imprevisibilidade ligada aos jogos, ocasiona-se o desencadeamento de diversos tipos de aspectos emocionais negativos, como o medo. Segundo Lopes-Ibor, Alonso e Alcocer (1999), o medo corresponde a um estado afetivo que é suscitado pela consciência de um perigo, seja real (concreto) ou imaginário (psicológico). A pesquisa realizada, trata sobre aspectos de uma prática corporal não comumente estudada, também, podemos permitir a discussão sobre o medo pré-competitivo, aspecto bastante observado nas modalidades esportivas e, por último, podemos identificar quais medos são mais frequentes aos esportistas praticantes do taekwondo. Inicialmente, identificar quais os medos mais frequentes entre os esportistas e, os impactos que tal emoção pode trazer para a vida deles e para sua carreira. A partir disso, objetivamos também, chegar a uma conclusão que possa apontar caminhos preventivos, assim então, evitando que esses medos atrapalhem o rendimento de cada esportista. O estudo se caracteriza por ser um levantamento, pois, inicialmente questionamos a amostra do estudo a respeito da problemática da pesquisa para, posteriormente, através de análise qualiquantitativa, obtermos as conclusões correspondentes aos dados coletados. O instrumento utilizado para coleta de dados foi adaptado a partir do “Test de los miedos del futbolista” (ROFFÉ, 2004) e, aplicado online por meio de um formulário do Google Drive®. A amostra consistiu em 23 esportistas, sendo 52% dos participantes do gênero feminino e 48% masculino. Já a faixa etária, compreendeu em participantes de 11 até 41 anos de idade (M = 24 ± 8,6), tendo como tempo de prática de 1 à 15 anos. Após análise dos dados, podemos destacar que os medos mais frequentes na amostra são: o medo de se lesionar (32%) e o medo de não conseguir dar o melhor (26%). Em grande parte das situações, o esportista está apto para voltar a competir do ponto de vista biomédico. Mas, podem surgir barreiras que podem estar associada ao aspecto psicológico, sendo o medo de efetuar movimentos semelhantes ao que provocou a lesão e todo seu processo de recuperação, os principais fatores a acometerem essa dificuldade de realizar as habilidades antes desempenhadas, nesses casos, um retorno precipitado pode levar à recorrência da lesão, dificultando ainda mais a continuidade de uma carreira profissional (RÚBIO, 2007). É importante enfatizarmos que, modalidades esportivas individuais são mais estressantes do que as modalidades coletivas (WEINBERG e GOULD, 2001), esse fato já aumenta ainda mais a autopressão, fazendo com que essa situação se torne um obstáculo ao bom desempenho. A frustração de não conseguir realizar o que treinou é sentida como um fracasso pessoal e o medo de que isto pode acontecer, pode ser um complicador para o desempenho (VALLE, 2007). Em visto disso tudo, entende-se a relevância de compreendermos como os medos e pressões estão influenciando o esportista, como motivadores ou inibidores? No esporte, o medo necessita ser trabalhado desde o técnico até o esportista, fazendo assim, um trabalho, a longo prazo, de enfrentamento para que não atrapalhe a equipe na busca do alcance de suas metas e resultados. Mesmo o taekwondo sendo um desporto marcial, é importante ressaltar que isso não deixa seus praticantes imunes ao medo, existe essa demanda e, ela precisa ser trabalhada para que não cause interferência na prática esportiva. A partir disso, destacamos a relevância da intervenção do Psicólogo do Esporte desde a iniciação esportiva.

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