300 Palavras (1). Sobre o ato de escrever: do bilhete ao artigo científico
Integra
Escrever é a maneira de materializar e repartir nossos pensamentos, dando-lhes forma e significado permanente. Nossas ideias são expostas e mensagens podem ser disseminadas, mudando, quem sabe, a maneira de ver a vida (ou a própria vida) de quem lê o que escrevemos. Assim, também, como o ato de escrever muda a vida de quem escreve.
De certa forma, escrever pode ser comparado a esculpir ou pintar, se considerarmos que uma folha em branco representa a base ou a matéria prima sobre a qual se pode construir algo inédito e representativo, num dado momento da vida. É claro que a qualidade do que se escreve, como no caso das artes plásticas, não é mera consequência do esforço pessoal ou da vontade de fazê-lo bem. Inspiração e transpiração, disciplina e talento, vivência e criatividade, cultura e escolaridade, visão de mundo e senso de humor, estado de espírito e autoestima... tudo isso pode facilitar ou dificultar o ato de escrever (e a qualidade do que se escreve). Esculpir, pintar ou escrever pode resultar em obras primas, quem sabe eternas, ou peças medíocres e descartáveis. Todas, porém, com significado para o autor.
Em qualquer texto, seja bilhete ou livro, há intenção e propósito na sua elaboração. No meu caso, propus-me o desafio de escrever, quando der na telha, 300 palavras, num texto que reflita meu estado de espírito e senso da realidade naquela hora. É como olhar para a rua de dentro de minha sala de estar – uma visão do mundo, num dado momento, a partir da minha janela.
O desafio de escrever (e ser lido) é ainda maior numa era de velocidade e brevidade estonteantes na comunicação humana. Se você leu até aqui, fico feliz. Acho que é sempre importante ser claro, objetivo e honesto, com uma pitada de bom humor, quando possível.
Grande abraço.
Markus Nahas
Julho 2025