Resumo
O presente texto discute a noção de corpo na Psicanálise, especificamente no contexto teórico do narcisismo. Ainda que não tão presente na Educação Física, a Psicanálise trouxe elementos preciosos para a representação do corpo e sua relação com o sujeito, tais como: a identificação do mesmo enquanto ser, o corpo como ferramenta psíquica (além de biológica), a estruturação do aparelho psíquico e sua relação com o desenvolvimento do sujeito, o desenvolvimento da personalidade, o conceito de autoestima, entre outros. Nossa proposta objetivou, a partir da teoria de Sigmund Freud, pensar como o conceito de narcisismo parece contribuir para a noção de corpo e inferir conexões com a Educação Física. A leitura de Freud aqui proposta não objetivou uma doutrinação psicanalítica para a área, mas a discussão e rediscussão, o conhecimento, o contato com um conhecimento de corpo diferente do habitual, podendo propiciar uma maior aceitação como fonte de prazer, desejo e constructos que podem ser explorados, entendidos e manifestos quando possível. O narcisismo contribuiu, assim, para a noção de corpo na Educação Física enquanto possibilidade de construção de um corpo que pode ser sentido, vivido, escutado e falado. Um corpo que não precisa mais ser apenas desenvolvido biologicamente, treinado, performático, rentabilizado e medido. Não são mais estruturas que, trabalhadas separadamente, moldam um todo e, sim, um todo pulsionado por desejos, sonhos, sentimentos, reações e incertezas que mesmo quando não tem as medidas padrões, a potencialidade dominante, nem os contornos mais belos, é também uma expressão do eu.