Resumo

No contexto global da crise sanitarista, a cidade de São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil, também se viu diante da necessidade de retenção dos corpos em movimentação, enunciando medidas restritivas de urgência num quadro geral denominado de quarentena. Paradoxalmente, percepções aparentemente lúdicas e jocosas de se lidar com a pandemia puderam ser observadas nos meandros da sociabilidade citadina, chamando nossa atenção para os usos de alguns conceitos e noções caros à Antropologia Urbana. Esse texto discute como essa conjuntura de sofrimento se desdobrou em manejos mais lábeis numa sintomatologia popular, sem desconsiderar o potencial analítico da noção de sociabilidade ao lidar com a politização de corpos dispostos a operar a partir do cenário que moldou localmente a pandemia: de um lado, estratégias políticas e científicas orientando as ações públicas na administração da cidade e, do outro, a presença de contradiscursos anti-intelectualistas e/ou cientificistas dissonantes ressoados pelas esferas federais de poder.

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