Socialização do professor nos primeiros anos de docência em educação física e as implicações no desenvolvimento profissional.
Socialização do professor nos primeiros anos de docência em educação física e as implicações no desenvolvimento profissional.
Por
Amanda Raquel Rodrigues Pessoa (Autor),
Isabel Maria Sabino de Farias (Orientador),
Marcia Souza Robolt (Membro de Banca),
Paulo Evaldo Fensterseifer (Membro de Banca),
Lia Machado Fiuza Fialho (Membro de Banca),
José ângelo Gariglio (Membro de Banca).
219 páginas,
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
Resumo
Discorre sobre a socialização do professor iniciante em Educação Física. Apoia-se em estudos de autores como Berger e Luckmann (2002), Dubar (2005), Nunes (2001), Tardif e Lessard (2007; 2012), García, (1999), Gariglio (2017, 2016, 2015, 2007) e Bracht (2018, 2014, 2010, 2007, 2001), entre outros. A investigação relatada nesta tese arrima-se na indagação central: - Como a socialização do professor de Educação Física durante os primeiros anos de docência implica o seu desenvolvimento profissional, especificamente, sobre seu desenvolvimento pedagógico, conhecimento e compreensão de si mesmo? Demanda, ainda, compreender as implicações da socialização docente nos primeiros anos de docência para o desenvolvimento profissional do professor de Educação Física da Educação Básica, com ênfase na dimensão pedagógica e de conhecimento e compreensão de si mesmo. De maneira especifica, visou: a) Delinear a socialização antecipatória à entrada na carreira, apontando aprendizagens e valores que subsidiaram a construção de sentido sobre a docência em Educação Física; b) Compreender a construção de sentidos sobre a docência em Educação Física com amparo na socialização vivida no momento da inserção profissional e suas implicações na ação pedagógica, na compreensão de si e na disposição docente em continuar aprendendo; c) Analisar a repercussão da composição de sentidos que perpassa a relação entre a inserção profissional e a socialização docente no desenvolvimento do professor de Educação Física. Metodologicamente, assume-se a hermenêutica-crítica, subsidiada por uma óptica investigativa de cunho qualitativo sob os fundamentos da pesquisa (auto)biográfica. Adota-se a pesquisa-formação como via metodológica, com esteio na proposta de Delory-Momberger (2006), adaptada para a formação denominada de Ateliê (auto)biográfico de desenvolvimento profissional docente, em formato remoto, com cinco professores iniciantes, egressos do curso de Licenciatura em Educação Física do IFCE-Campus Juazeiro do Norte. Os textos de campo foram produzidos com base em materiais reflexivos formulados durante a formação (narrativas orais e escritas). A análise do material produzido recorreu à técnica desenvolvida por Souza (2014), denominada de “análise compreensiva-interpretativa”. Os achados indicam que a socialização antecipatória delineou impressões, percepções, juízos sobre a docência em Educação Física, destacando-se aqueles advindos de uma análise ética-política sobre a profissão. A socialização no momento de entrada na profissão revelou o despreparo institucional para o acolhimento do professor iniciante, o que teve implicações relativamente à segurança no trabalho, produziu sentimentos de desvalorização e afetou as relações de pertencimento. Os agentes escolares foram capazes de influenciar nas tomadas de decisões sobre o contexto de ensino e as atitudes profissionais a serem adotadas. Além disso, os iniciantes se veem desafiados a constituir na Educação Física uma pedagogia que legitime o seu papel educativo no âmbito escolar. As narrativas sustentam a proposição de que o universo simbólico, resultante da socialização do professor iniciante de Educação Física, oferece uma apreensão subjetiva do “ser professor”, produz uma compreensão pedagógica e de si, capaz de afetar a disposição em continuar aprendendo, bem como legitima um saber/fazer da prática docente, configurando-se em ponte para o desenvolvimento profissional.