Resumo

Discorre sobre a socialização do professor iniciante em Educação Física. Apoia-se em estudos de autores como Berger e Luckmann (2002), Dubar (2005), Nunes (2001), Tardif e Lessard (2007; 2012), García, (1999), Gariglio (2017, 2016, 2015, 2007) e Bracht (2018, 2014, 2010, 2007, 2001), entre outros. A investigação relatada nesta tese arrima-se na indagação central: - Como a socialização do professor de Educação Física durante os primeiros anos de docência implica o seu desenvolvimento profissional, especificamente, sobre seu desenvolvimento pedagógico, conhecimento e compreensão de si mesmo? Demanda, ainda, compreender as implicações da socialização docente nos primeiros anos de docência para o desenvolvimento profissional do professor de Educação Física da Educação Básica, com ênfase na dimensão pedagógica e de conhecimento e compreensão de si mesmo. De maneira especifica, visou: a) Delinear a socialização antecipatória à entrada na carreira, apontando aprendizagens e valores que subsidiaram a construção de sentido sobre a docência em Educação Física; b) Compreender a construção de sentidos sobre a docência em Educação Física com amparo na socialização vivida no momento da inserção profissional e suas implicações na ação pedagógica, na compreensão de si e na disposição docente em continuar aprendendo; c) Analisar a repercussão da composição de sentidos que perpassa a relação entre a inserção profissional e a socialização docente no desenvolvimento do professor de Educação Física. Metodologicamente, assume-se a hermenêutica-crítica, subsidiada por uma óptica investigativa de cunho qualitativo sob os fundamentos da pesquisa (auto)biográfica. Adota-se a pesquisa-formação como via metodológica, com esteio na proposta de Delory-Momberger (2006), adaptada para a formação denominada de Ateliê (auto)biográfico de desenvolvimento profissional docente, em formato remoto, com cinco professores iniciantes, egressos do curso de Licenciatura em Educação Física do IFCE-Campus Juazeiro do Norte. Os textos de campo foram produzidos com base em materiais reflexivos formulados durante a formação (narrativas orais e escritas). A análise do material produzido recorreu à técnica desenvolvida por Souza (2014), denominada de “análise compreensiva-interpretativa”. Os achados indicam que a socialização antecipatória delineou impressões, percepções, juízos sobre a docência em Educação Física, destacando-se aqueles advindos de uma análise ética-política sobre a profissão. A socialização no momento de entrada na profissão revelou o despreparo institucional para o acolhimento do professor iniciante, o que teve implicações relativamente à segurança no trabalho, produziu sentimentos de desvalorização e afetou as relações de pertencimento. Os agentes escolares foram capazes de influenciar nas tomadas de decisões sobre o contexto de ensino e as atitudes profissionais a serem adotadas. Além disso, os iniciantes se veem desafiados a constituir na Educação Física uma pedagogia que legitime o seu papel educativo no âmbito escolar. As narrativas sustentam a proposição de que o universo simbólico, resultante da socialização do professor iniciante de Educação Física, oferece uma apreensão subjetiva do “ser professor”, produz uma compreensão pedagógica e de si, capaz de afetar a disposição em continuar aprendendo, bem como legitima um saber/fazer da prática docente, configurando-se em ponte para o desenvolvimento profissional.

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