Resumo

O presente artigo busca contribuir com a atualização em torno das “disputas simbólicas pelos significados do torcer” no futebol brasileiro contemporâneo. O contexto de transformações estruturais do futebol de espetáculo das últimas décadas teve, como pedra de toque, a conversão dos estádios em arenas e a criação de processos de fidelização dos espectadores identificados com o pertencimento clubístico e com a frequência aos jogos. Programas intitulados Sócio-Torcedor, criados nos últimos quinze anos e implantados de forma progressiva entre os seguidores dos clubes profissionais de alto rendimento, vinculados às séries A e B do Campeonato Brasileiro organizado pela CBF, são uma das facetas das mudanças em curso. Para melhor compreender esse universo e as diferenças internas no espectro do clubismo, conduziu-se um survey, com vistas a aferir as percepções desse novo segmento de torcedores, em face dos grupos associativos estabelecidos, como as torcidas organizadas. Procurou-se levantar representações coletivas desses frequentadores de estádios em face dos comportamentos protagonizados pelos torcedores organizados no cotidiano do futebol. Com a análise dos dados, dispostas sob a forma de gráficos e dados estatísticos, chegou-se a uma visão mais matizada e menos maniqueísta das torcidas organizadas, quando comparadas aos estigmas recorrentes atribuídos na imprensa esportiva. A ausência de maniqueísmo permite perceber que, se por um lado, há um conjunto de condutas transgressivas condenadas pelos sócios-torcedores, a fazer ecoar a recorrência da pauta midiática-policial-penal, não deixa de haver percepções valoradas positivamente, que reconhecem o papel desempenhado por diferentes coletividades de torcedores organizados na ambiência dos estádios.

Acessar