Sono e sintomas de infecção das vias aéreas superiores em corredores de trail e ultra-trail durante a pandemia da covid-19
Por Júlia Pagotto Matos (Autor), Thayana Inácia Soares (Autor), Julio Henrick de Freitas Abreu (Autor), Helton de Sá Souza (Autor).
Em IX Congresso Brasileiro de Metabolismo, Nutrição e Exercício - CONBRAMENE
Resumo
As corridas de Trail são fenômenos esportivos emergentes. Entretanto, as Ultra-Trail têm sido associadas a vários efeitos deletérios ao organismo, como impactos no sono e nos sintomas respiratórios devido às altas cargas de treinamento impostas. OBJETIVOS: Comparar o sono e os sintomas respiratórios de corredores de trilhas e montanhas de endurance e ultraendurance durante a pandemia da COVID-19. MÉTODOS: Estudo observacional e transversal com 43 atletas de trail running. 16 sujeitos foram alocados no grupo de ultraendurance (GUE) e 27 no grupo de endurance (GE). Para avaliação do sono foi aplicado o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg (PSQI), Escala de Sonolência Epworth (ESE), Índice de Gravidade de insônia (ISI) e Questionário de Matutinidade e Vespertinidade de Horne e Ostberg (MEQ). Também foram aplicados o Questionário de Sintomas Respiratórios de Wisconsin (WURSS-21) e o questionário de Análise Diária das Demandas de Vida em Atletas (DALDA). A comparação entre os grupos foi feita pelo modelo linear geral ou pelo teste qui-quadrado (χ2). Os resultados são apresentados em frequência absoluta e relativa (%) além de média ± desvio padrão. A significância foi adotada quando p<0,05. RESULTADOS: Em ambos os grupos a maior parte da amostra foi constituída por pessoas com características cronobiológicas matutinas (n=36; 83,7%), não havendo diferença entre os grupos. Observou-se que o GE (5.79 ± 5.51) apresentava maiores scores no ISI que o GUE (3.18 ± 4.13; p<0,04), bem como no PSQI (4.67 ± 0.50 vs 3.56 ± 0.65; p<0,05 respectivamente). O GE também apresentou maiores sintomas de garganta raspando no WURRSS21 que o GUE (1.35 ± 0.97 vs 1.19 ± 0.54, p<0,05), maiores percepções de resfriado (1.26 ± 0.81 vs 1.00 ± 0.00; p<0,05) que interferiam mais na capacidade de prática de exercícios (1.37 ± 0.92 vs 1,00 ± 0,00; p<0,05). O GE apresentou que aspectos recreacionais contribuíram com mais frequência como fonte de estresse que o GUE (n=5; 11,63% vs n=1; 2,33%, p<0,05). CONCLUSÃO: Possivelmente a pandemia impactou na redução da carga de treinamento no GUE, reduzindo os sintomas respiratórios. Isso pode sugerir uma recuperação mais apropriada do sistema imunológico, impactando a melhora do sono desses sujeitos, enquanto GE pode manter a carga de treinamento mais próxima à condição pré-pandêmica. Estudos experimentais com testagem direta de biomarcadores relacionados à atividade imunológica precisam ser realizados para comprovação dessa condição