Resumo

No cotidiano todo indivíduo se encontra envolvido em inúmeras situações de
stress, as quais geram respostas fisiológicas e psicológicas. Este processo
adaptativo ocorre também na prática desportiva, em que assume uma grande
importância, pela relação que se pode estabelecer entre performance e stress.
Em crianças, este assunto é menos conhecido mas são igualmente esperados
efeitos de stress na proximidade de situações competitivas. Espera-se também
que estes valores se distingam dos existentes em situação de treino, e que exista
relação entre os valores medidos pela Escala de Stress Infantil (ESI) e os níveis
de cortisol salivar. O presente estudo procede a uma avaliação dos níveis de
stress em 5 crianças, na modalidade de ténis, em duas condições: pré-competitiva
(48 horas antes do torneio) e competitiva (no dia do torneio). A amostra foi
composta por crianças com variação etária entre os 9 e os 14 anos (idade
média=11,6, SD=1,95), e com experiência da actividade entre 1 e 3 anos. Foi
e s t u d a d a va r i a ç ã o d a c o n c e n t ra ç ã o d e c o rt i s o l s a l iva r p o r
electroquimioluminescência e aplicada a Escala de Stress Infantil. O cortisol
salivar foi recolhido em cinco momentos: 1) basal (entre as 8 e 9 horas da
manhã); 2) pré-competitivo, (5 minutos antes do início do jogo); 3) 20 minutos
após o jogo; 4) 30 minutos após o jogo e; 5) 120 minutos após o jogo. Os
resultados mostram que o jogo provoca stress em atletas infanto-juvenis, mas
com grandes variações individuais, não se encontrando diferenças estatísticas
entre as condições de pré-competição e competição. Os valores encontrados
na aproximação ao jogo em situação de pré-competição e de competição,
sobretudo a diferença ao valor basal recolhido pela manhã, apontam para um
efeito de stress induzido pela actividade física e pelo jogo. Os valores observados
20 e 30 minutos após o jogo apontam para a configuração deste como um
forte agente stressor. A Escala de Stress Infantil não detectou variações entre
as condições de pré-competição e de competição. A componente psicológica
desta escala foi superior à componente física nas duas situações. As conclusões
recomendam a adopção de análises individualizadas, para os resultados dos
dois instrumentos utilizados, a inclusão em estudos posteriores com crianças
da variável experiência competitiva, e o tratamento diferenciado segundo o
resultado em competição.

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