Resumo

O surfe, no contexto de alguns projetos sociais, tem sido apresentado como uma prática educativa para a formação e a inclusão social de jovens vítimas de uma ordem social que se estrutura em um contexto desumanizante permeado de injustiças sociais. São projetos que afirmam usar o surfe como uma prática educativa, agente socialmente transformador, proporcionando noções de cidadania e conscientização social. Diante desse entendimento, esta pesquisa teve como objetivo estudar o surfe como uma prática educativa para a formação humana cidadã e a inclusão social de jovens. O campo desta pesquisa foi o projeto social: Instituto Povo do Mar (IPOM), que tem como propósito educacional, usar o surfe como princípio de poderosas ações educativas para a juventude que mora no entorno da praia do Titanzinho, na cidade de Fortaleza, no Ceará. A metodologia utilizada para o desenvolvimento dessa pesquisa foi o enfoque qualitativo orientado pela abordagem etnográfica, tendo como instrumentos de pesquisa a observação, a análise documental e entrevistas. Os colaboradores da pesquisa foram 4 jovens participantes do projeto. A análise dos dados e a constituição das categorias analíticas ocorreram mediante a tríade: surfe, juventude e educação libertadora, tendo, principalmente, Paulo freire como pilar teórico desse processo investigativo revelador. Com esse estudo observamos uma experiência de ensino e aprendizagem do surfe, para além da transmissão dos conhecimentos técnicos dessa prática corporal, sendo uma ação educativa fundamentada por visões, dinâmicas e intenções que trabalham o surfe nas dimensões sociais e afetivas. Porém paralelo a esses achados, constatamos que essa ainda é uma experiência pouco crítica-reflexiva, emancipada e dialógica. Com relação aos sentidos e significados que os jovens conferem ao surfe, identificamos a partir de suas vozes, que eles compreendem tal prática corporal como uma forma de lazer, um meio para diminuição do estresse e um espaço para eles se socializarem. Sobre os saberes compartilhados aos jovens, frente ao surfe como prática corporal educativa, identificamos um saber técnico, mas também a existência daqueles que dialogam com os valores humanos, bem como alguns temas transversais, tendo os saberes sobre o meio ambiente e a saúde, os mais presente nos relatos dos jovens. Com os resultados dessa pesquisa foi possível vislumbrar o surfe como uma prática educativa para a formação humana cidadã e a inclusão social dos jovens.

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