Resumo

Introdução: A importância da Educação Física escolar como primeira etapa no processo de identificação e desenvolvimento de talentos esportivos tem sido destacada por vários pesquisadores. Na prática, os professores necessitam de ferramentas para estimar de maneira válida e fidedigna o potencial esportivo dos seus alunos. Na escola, isto tem sido feito predominantemente por meio de baterias de testes, mas que medem apenas o desempenho motor dos escolares. Objetivo Geral: O objetivo desta tese foi mensurar indicadores multidimensionais do potencial esportivo em escolares, gerando valores normativos (pontos de corte), estratificados por idade e sexo, com a finalidade de se criar um índice de avaliação do potencial esportivo dos alunos. Métodos: Participaram deste estudo longitudinal-misto 2794 escolares de ambos os sexos, de 11 a 17 anos, de um colégio militar, que foram avaliados entre 2015 e 2019. Os alunos realizaram a bateria de testes do Projeto Atletas de Ouro®, contendo indicadores antropométricos, físico-motores, psicológicos, socioambientais e maturacionais, além dos aspectos intangíveis e da expectativa de sucesso futuro dos alunos, segundo a opinião dos professores. O Índice de Potencial Esportivo foi composto pelo somatório dos valores percentis dos seguintes indicadores: força, velocidade, resistência aeróbica, competência percebida, aspectos intangíveis e potencial avaliado pelo professor, com variação de 0 a 100%. Alunos com escore >75% foram classificados como talentos esportivos. A tese foi estruturada em formato de dois artigos. Resultados: Artigo 1 – Valores de referência foram relatados para meninos e meninas nas faixas etárias de 11 a 17 anos, considerando os percentis 10º, 25º, 40º, 50º, 60º, 75º, 90º, 98º para os seguintes testes e medidas: massa corporal, estatura, altura sentado, comprimento de membros inferiores, índice de massa corporal, porcentagem de gordura corporal, teste sentar-e-alcançar, corrida de velocidade de 10m e de 20m, handgrip, salto vertical contramovimento, arremesso de medicineball de 2kg, corrida vai-e-vem de 20m (Léger), orientação motivacional, habilidades de coping, suporte familiar e aspectos intangíveis do potencial esportivo. Diferenças entre meninos e meninas foram reportadas. Artigo 2 - 11,2% dos meninos (n = 70) e 9,4% das meninas (n = 40) foram identificados como talentos esportivos. A consistência interna do índice de Potencial Esportivo (r > 0,70) e a estabilidade do diagnóstico 12 e 24 meses após a primeira avaliação foram elevadas (ICC > 0,75). Os escolares selecionados para os Jogos da Amizade (validade de construto) e aqueles que conquistaram medalhas (validade de critério) apresentaram maior Índice de Potencial Esportivo quando comparados aos alunos não selecionados e não medalhistas. Após 24 meses, mais de 90% dos alunos classificados como não talentos mantiveram a sua classificação, enquanto que cerca de 50% daqueles que eram talentos esportivos deixaram de ser. Além disso, a maturação biológica teve pouca ou nenhuma correlação com o Índice de Potencial Esportivo; e não se correlacionou com a classificação dos talentos esportivos. Conclusões: Valores de referência (pontos de corte) foram estabelecidos para a bateria de testes do Projeto Atletas de Ouro®, que permitiram a criação de um índice multidimensional para avaliação do potencial esportivo dos alunos, que combina dados objetivos (força, velocidade e resistência) com a percepção de competência motora do aluno e a avaliação de potencial feita pelo professor. Os resultados encontrados evidenciaram que o Índice de Potencial Esportivo é válido e fidedigno para a estimativa do potencial esportivo de escolares de 13 a 17 anos de ambos os sexos, constituindo uma ferramenta científica inovadora, útil e de~fácil aplicação na prática para a identificação de talentos esportivos na escola.
 

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