Taxa Metabólica de Repouso de Ciclistas Estimada Por Equações e Obtida Por Calorimetria Indireta
Por Paula Guedes Cocate (Autor), Rita de Cássia Gonçalves Alfenas (Autor), Letícia Gonçalves Pereira (Autor), João Carlos Bouzas Marins (Autor), Josefina Bressan (Autor), Paulo Roberto Cecon (Autor).
Em Revista Brasileira de Medicina do Esporte v. 15, n 5, 2009. Da página 360 a 364
Resumo
A taxa metabólica de repouso (TMR) pode ser determinada por calorimetria indireta (CI). Porém, em função da praticidade, na prática clínica na maioria das vezes esta é estimada por equações de predição, as quais foram desenvolvidas em estudos envolvendo indivíduos não atletas. Apesar de alguns autores terem indicado que tais equações não estimam adequadamente a TMR, estas têm sido bastante utilizadas para calculá-la e prescrever dietas, inclusive para atletas. O objetivo deste estudo foi comparar a TMR determinada por CI com a estimada pelas equações de Harris & Benedict (HB), Schofield, FAO/WHO/UNU e Henry & Rees (HR), em 15 homens ciclistas, de 24,4 ± 3,68 anos, apresentando índice de massa corporal de 21,97 ± 1,46kg/m2 e VO2máx de 70,00 ± 5,32mL(kg.min)-1. Para comparar a TMR determinada por CI e pelas equações, utilizou-se o tratamento estatístico testes t de Student (variáveis com distribuição normal) e de Mann-Whitney (variáveis sem distribuição normal), considerando p < 0,05. Além disso, foi realizada correlação de Pearson entre TMR e massa livre de gordura (MLG). Verificou-se que a TMR foi subestimada em 23,5%, 16,7%, 16,8% e 16,9%, respectivamente, quando se utilizaram as equações de HR, FAO/WHO/UNU, Schofield e HB, em relação à TMR obtida por CI. A TMR se correlacionou com a MLG (r = 0,551, p = 0,03). Os resultados confirmam que as equações avaliadas não são adequadas para estimar a TMR em atletas. Tais resultados podem ser explicados pela maior quantidade de MLG apresentada por atletas e possivelmente maior resposta dos receptores β-adrenérgicos aos estímulos do sistema nervoso simpático, resultando em TMR mais alta que em indivíduos sedentários. Diante disso, desenvolveu-se uma equação com as variáveis MLG e idade para melhor estimativa da TMR de ciclistas. Recomenda-se, no entanto, que a equação desenvolvida seja validada em estudo envolvendo um número maior de ciclistas, para que esta seja utilizada na prática clínica.