Resumo

O objeto de estudo desta pesquisa é o de apresentar uma reflexão inicial sobre a história do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unicamp, compreendendo o movimento estudantil desde sua formação e destacando o embate entre as principais bandeiras de luta - das chapas vencedoras e perdedoras - nos processos eleitorais que configuraram as quatro primeiras gestões da entidade, no período de 1974 a 1982. Março de 1974 é demarcado pela primeira movimentação de massa do movimento estudantil contra a ditadura militar - a Greve das Humanas -, quando surge a necessidade de uma entidade central dos estudantes da Unicamp. O ano de 1982 representa a finalização do primeiro ciclo de quatro gestões do DCE: Tecendo A Manhã; Sair dessa Maré; Força Viva e Unidade e Ação, marcado pela presença de militantes estudantis vinculados à Ação Popular (AP) em todas elas. Foram objetivos desta pesquisa: 1- Levantar, organizar, tornar pública e acessível a documentação aglutinada sobre o tema deste estudo, oriunda de diversas procedências. Tal objetivo resultou na produção do volume II, contendo as fontes documentais primárias, e de anexos incorporados ao final desta dissertação. 2- Compreender, no processo histórico, as peculiaridades da formação da entidade central dos estudantes da Unicamp (objetivo desenvolvido no capítulo I). 3- Compreender o movimento estudantil, coordenado pelas gestões do DCE, como parte do processo de lutas mais amplo da sociedade brasileira nos tempos de confronto com a ditadura do regime militar (objetivo desenvolvido no capítulo II). 4- Refletir acerca do embate entre as principais bandeiras de luta, das chapas perdedoras e vencedoras, nos processos eleitorais das gestões de estudantes coordenados pelo DCE (desenvolvido no capítulo III). Os referenciais teórico-metodológicos foram extraídos, primordialmente, de historiadores da história cultural, voltados para a tradição das oposições, dissidências e para o debate sobre a democracia, tais como C. Hill, E. P. Thompson, E. Hobsbawn e J. Le Goff. Para assegurar o diálogo entre as fontes documentais, foi realizada uma ampla revisão bibliográfica sobre o tema, bem como o levantamento de fontes primárias impressas, diversificadas e produzidas, primordialmente, pelos estudantes nos centros e diretórios acadêmicos, tais como: boletins, jornais, panfletos e cartas¿programa das chapas concorrentes às eleições do DCE, consultados nas visitas aos arquivos do estado (AESP), Arquivo Edgard Leuenroth (AEL/Unicamp) e Sistema Integrado de Arquivos da Unicamp (SIArq). No decorrer do processo, percebe-se uma intensa participação do ME da Unicamp nas movimentações pela retomada das Liberdades Democráticas, pela democratização dos órgãos decisórios da Unicamp e pela melhoria das condições de ensino e permanência nesta universidade, esta representada pelo fim do jubilamento, pela construção da moradia estudantil e do restaurante universitário e pelo transporte subsidiado, entre outras. No período analisado, o ME da Unicamp constrói instrumentos e espaços políticos de participação entre setores do estudantado, por meio de impressos, reuniões abertas, assembléias, atos públicos e manifestações culturais, tendo como centro a Casa dos Centros Acadêmicos. Participa, também, dos Encontros Nacionais de Estudantes (ENEs) e dos debates sobre a refundação das entidades estudantis estaduais e nacional (UEEs e UNE). Influenciado por idéias de transformação social trazida por militantes estudantis vinculados a tendências políticas de esquerda, alia suas táticas às estratégias dessas organizações, cerrando fileiras, quando da volta do pluripartidarismo no Brasil, em 1980, dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Tal processo cumpriu relevante papel cultural e político na história recente do Brasil, ao mesmo tempo em que esteve inserido nos movimentos estudantis e de intelectuais reconhecidos do Ocidente, no bojo das bandeiras de luta e das movimentações de "1968", que trafegaram de campus a campus

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