Resumo

Neste ensaio revisitamos uma problemática básica presente na confluência entre as sociologias do lazer e do trabalho, isto é, de que o tempo livre estaria acorrentado ao tempo de trabalho. Lembramos que são conhecidas as distinções conceituais sobre as atividades liberadas dos tempos do trabalho e as atividades exercidas por prazer no tempo livre. Assim, neste escrito partirmos da premissa crítica de que no atual capitalismo global não podemos isolar as esferas do tempo social cotidiano do tempo social do trabalho. Destacamos a transição do tempo livre de caráter fordista para o tempo livre de caráter toyotista, cuja face neoliberal assumiu uma forma extremamente perversa, conjugando uma agenda sistemática de privatização das instâncias de socialização das tensões e contingências da vida coletiva, de flexibilização dos constrangimentos, de exploração do Trabalho pelo Capital e de desregulação generalizada do Mercado. Direitos Trabalhistas perdidos, desemprego estrutural, instabilidade biográfica e consumismo narcísico parelham a trajetória das massas atomizadas de trabalhadores multi-tarefeiros e proativos, eternamente ocupados e envolvidos em modo full-time. Concluímos, pois, que o tempo livre, sempre inscrito em coerção ideológica, agora é destroçado perante uma sociedade da performance e do cansaço, que não dorme e que está eternamente ocupada.

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