Resumo

O tempo excessivo em exposição à comportamento sedentário tem sido associado a níveis mais baixos de saúde, podendo aumentar o risco de perfil desfavorável nos fatores e escore de risco para síndrome metabólica. Investigações com adolescentes são escassas acerca da relação entre tempo total e bouts em comportamento sedentário e os fatores e escore de risco para síndrome metabólica. OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi analisar as associações do tempo total e bouts em comportamento sedentário com fatores e escore de risco para síndrome metabólica em adolescentes de João Pessoa (PB), Brasil. MÉTODOS: Trata-se de estudo epidemiológico transversal, de base escolar, que consistiu na análise dos dados coletados no primeiro ano (2014) do Estudo Longitudinal sobre Comportamento Sedentário, Atividade Física, Hábitos Alimentares e Saúde de Adolescentes - Estudo LONCAAFS. Foram analisados dados em uma subamostra com 572 adolescentes (53,3% do sexo feminino) de 10 a 14 anos de idade do sexto ano do Ensino Fundamental II da rede pública de ensino do município de João Pessoa (PB). O comportamento sedentário foi mensurado por acelerômetros da marca Actigraph GT3X, sendo estimado o tempo médio em horas e número médio de bouts por dia em comportamento sedentário. Os fatores de risco para síndrome metabólica analisados foram: glicose, HDL-c, triglicerídeos e pressão arterial sistólica e diastólica. Determinou-se um escore de risco para síndrome metabólica a partir da soma dos escores z desses fatores. Para analisar a relação entre tempo total e o número médio de bouts por dia em comportamento sedentário e os fatores e escore de risco para síndrome metabólica foi utilizada a regressão linear bruta e ajustada. RESULTADOS: A análise ajustada demonstrou que o tempo total em comportamento sedentário não se associou (p>0,05) aos fatores e ao escore de risco para síndrome metabólica. No sexo masculino, número médio de bouts de 1 a 4 minutos foi inversamente associado à glicose (ß = -0,215; IC95%: -0,376; - 0,054), pressão arterial sistólica (ß = -0,202; IC95%: -0,341; - 0,063), pressão arterial diastólica (ß = -0,131; IC95%: -0,247; - 0,015) e ao escore de risco para síndrome metabólica (ß = -0,074; IC95%: -0,124; - 0,025). No sexo feminino, os bouts de 15 a 30 minutos foi positivamente associado à pressão arterial diastólica (ß = 0,591; IC95%: 0,018; 1,165), e o número bouts de 5 a 9 minutos foi inversamente associado ao escore de risco para síndrome metabólica (ß = -0.096; IC95%: -0,180; -0,012). CONCLUSÃO: Tempo total em comportamento sedentário não apresentou relação com os fatores e o escore de risco para síndrome metabólica. Bouts de curta duração está inversamente associado aos fatores e escore de risco para síndrome metabólica, porém bouts de longa duração parecem promover alterações desfavoráveis nos fatores de risco para síndrome metabólica.

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