Resumo
O objetivo do presente estudo foi verificar a tendência secular do crescimento físico e da aptidão física relacionada à saúde (AFRS) em crianças de alto nível socioeconômico, de ambos os sexos e pertencentes à faixa etária entre sete e 10 anos de idade, no período de oito anos. Participaram do estudo 511 sujeitos em 2002, 322 em 2005 e 303 em 2010. Foram obtidas medidas de massa corporal, estatura, altura sentada e espessuras de dobras cutâneas. O desempenho motor foi avaliado mediante a aplicação dos seguintes testes: sentar e alcançar (SA); resistência/força abdominal modificado de 1 minuto (ABDO) e teste de corrida e/ou caminhada de nove minutos (9min). Na análise estatística o teste de Shapiro-Wilk verificou que os dados não apresentaram normalidade, dessa maneira, para descrever as variáveis utilizou-se de mediana e intervalo-interquartil. Para verificar a tendência secular utilizou-se do teste de Kruskal-Wallis, seguido por U de Mann-Whitney quando p<0,05. Adicionalmente, utilizou-se da Análise de Covariância (ANCOVA) e de Deltas Percentuais para representar as alterações. Os resultados não apontaram alterações na massa corporal e IMC (p>0,05). Por outro lado, somente no sexo feminino verificou-se tendência secular positiva para a estatura, com incrementos de 1,5%. Enquanto que as variáveis da composição (ΣDC e %G) apresentaram declínios aproximados de 5% a 10%. Com relação aos componentes do desempenho motor, a flexibilidade apresentou declínio de aproximadamente 6%, somente para o sexo masculino. A resistência/força abdominal não apresentou alterações significantes (p>0,05). Enquanto que a aptidão cardiorrespiratória (ACR) apresentou declínios entre 4% e 7% no período analisado (p<0,001). O teste de qui-quadrado para tendência verificou, somente no sexo feminino, tendência de não atender aos critérios recomendados para a saúde na ACR com o passar dos anos (p<0,05). Embora altas prevalências de não atendimento ao critério tenham sido verificadas nos demais componentes da AFRS, além de elevada proporção de indivíduos com excesso de peso corporal nos três estudos. Dessa forma, conclui-se que no período de oito anos de tendência secular em escolares de alto nível socioeconômico, nenhuma alteração significante na massa corporal e IMC foram observadas, enquanto houve tendência secular positiva na estatura somente para o sexo feminino. Com relação aos componentes da AFRS, houve tendência secular negativa para a adiposidade corporal, e da flexibilidade somente para o sexo masculino, em contrapartida, verificou-se tendência secular negativa da ACR em crianças de ambos os sexos.