Resumo
Introdução: A importância e os benefícios da atividade física na vida dos indivíduos estão bem documentados na literatura, mostrando-se imprescindível a sua prática ao longo do ciclo vital, gerando melhorias osteomuscular e cognitivas, contribuindo para o enfrentamento do efeito da inatividade física, uma das principais causas de morte no mundo, fator de risco modificável – juntamente com tabagismo, uso abusivo de álcool, dieta inadequada e comportamento sedentário – e preditora de quatro principais tipos de doenças crônicas não transmissíveis (doença cardiovascular, diabetes, câncer e doença respiratória crônica). Objetivos: Descrever a atividade física e fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em adolescentes e adultos jovens, através da (i) análise temporal da atividade física de escolares brasileiros (13 a 17 anos) e as associações com variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais e (ii) Comparar e descrever a continuidade da atividade física de adolescentes (14 aos 17 anos) para o início adultos jovens (18 a 24 anos), analisando as associações da atividade física com características demográficas e fatores de risco e proteção às doenças crônicas não transmissíveis. Métodos: Através desta proposta, caracterizada como uma pesquisa epidemiológico-ecológica, de cunho transversal e de base escolar e populacional, se buscou responder aos objetivos e a hipótese. A amostra do estudo é composta por participantes de ambos os sexos: (1º) da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2009, 2012, 2015 e 2019 regularmente matriculados e frequentes em escolas públicas e privadas das áreas urbanas e rurais do Brasil; e (2º) por jovens adultos da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, na faixa etária dos 18 aos 24 anos. A análise dos dados, foi realizada no software Stata, versão 16, incluindo procedimentos de estatística descritiva (média, percentuais e percentis), ao nível de confiança de 95%, e análises de associação por regressão de Poisson, utilizando os efeitos dos planos amostrais de cada inquérito. Resultados: Jovens adultos mantém o nível de atividade física da adolescência, apesar de estarem fisicamente ativos, são mais prevalentes no consumo de tabaco, álcool e na atividade física no trabalho, revelando o paradoxo da atividade física. Entre adolescentes, as meninas são menos fisicamente ativas em todos os domínios da atividade física, inclusive na Educação Física Escolar. Conclusão: Sugere-se, para a população de adolescentes, que as aulas de Educação Física na escola ocorram, pelo menos, em três dias distintos e sejam separadas por sexo para que as meninas desenvolvam suas habilidades motoras com maior propriedade e se possa reduzir a inequidade detectada nas análises. Para os adultos jovens sugere-se que as recomendações de atividade física, pelo menos dos 18 aos 24 anos, sejam elevadas, para que se aproveite os efeitos da atividade física de lazer e se reduza os efeitos negativos da atividade física laboral.
Palavras-chave: adolescente; adulto jovem; práticas corporais; doenças não transmissíveis; fatores de risco; paradoxo da atividade física.