Resumo
Este estudo apresenta os resultados de uma investigação que percorreu o caminho da Teoria Crítica da Sociedade da Escola de Frankfurt especialmente nas obras de Herbert Marcuse para analisar o fenômeno do esporte de alto rendimento em uma de suas interpretações clássicas, a Teoria Crítica do Esporte. Expressão da mais eficiente performance humana, de beleza e disciplina, o esporte poucas vezes foi contestado, sobrevivendo inclusive aos escândalos do dopping. Entretanto, surge na Europa dos anos de 1960, no contexto das Ciências Sociais, uma perspectiva teórica que, influenciada em parte pela contracultura daqueles anos, mas também pelas críticas ao mundo administrado desenvolvidas pela Escola de Frankfurt, ousou colocar em questão o esporte e sua suposta pureza oriunda do ideal olímpico. O trabalho apresenta aspectos do desenvolvimento desta teoria, críticas a ela endereçadas, tanto em registro conservador quanto na concorrência com outras perspectivas da sociologia do Esporte, e sua ressonância no Brasil a partir da década de 1980 na Educação Física. Foi também nosso objeto de atenção a inspiração do filósofo Herbert Marcuse nos trabalhos da Teoria Crítica do Esporte, principalmente no que diz respeito ao fetiche da técnica, a mecanização corporal e os processos da dessublimação repressiva. Esse movimento baliza as assertivas tão positivas que as práticas esportivas recebem cotidianamente. Mais do que isso, segue sendo um recurso teórico importante para a compreensão do esporte na medida em que as condições sociais que foram solo de sua gênese se agigantam pelo predomínio da propaganda, da semiformação como projeto pedagógico e do amor-ódio pelo corpo.