Resumo

A termografia, sistema com capacidade de captar a emissividade de luz infravermelha de qualquer superfície reflexiva, faz parte do arsenal atual de instrumentação em biomecânica. Com esta metodologia pode-se avaliar a fisiologia da manutenção térmica através de sua representação cutânea. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a termografia comptadorizada na identificação de trigger points miofasciais, tendo sido escolhido o músculo trapézio como foco de estudo, por esta ser uma das regiões corporais mais acometidas pela Síndrome Miofascial. Esta síndrome é altamente prevalente na população adulta ativa e, historicamente, sub-diagnosticada por requerer profissional especializado e treinado para estabelecer seu diagnóstico, que é através de exame físico. Os participantes deste estudo compunham uma amostra de trinta sujeitos, quinze homens e 15 mulheres, com idade entre 23 e 70 anos (média de 32,5 anos). A algometria de pressão, método validado amplamente em estudos prévios, foi utilizada como parte do exame físico para confirmação ou não dos eventos da termografia. O equipamento utilizado para coleta dos termogramas foi uma câmara de infravermelho com processamento digital de imagens, com sensibilidade térmica em faixa espectral de 7 a 12 micrômetros, adequada à sua aplicação no diagnóstico médico; o índice de incerteza de medição deste equipamento é de 2% ou 2ºC. Para a algometria, utilizou-se um dinamômetro tipo relógio, disponível comercialmente para uso clínico, que permitiu avaliar a pressão aplicada aos pontos de interesse. A identificação dos trigger points foi baseada em diagrama de dor preenchido pelo próprio sujeito e utilizando-se parâmetros previamente validados em publicações cientificas. A avaliação das imagens foi realizada através de análise descritiva, valorizando-se o evento termográfico correspondente ao trigger point, que é um hot spot ou, área em formato discóide, com hipertermia de um ou mais graus Celsius em relação a um ponto de referência circunvizinho. A algometria foi usada como método de referência neste estudo. Utilizou-se análise estatística descritiva dos dados para avaliar a sensibilidade e a especificidade da termografia no diagnóstico de Síndrome Miofascial de músculo trapézio. Foram identificados um total de 250 trigger points; destes, 198 (79,20%) foram identificados pela algometria e termografia simultaneamente; 41 pontos (16,40%) identificados apenas pela termografia e 11 pontos (4,40%) identificados apenas pela algometria. Concluiu-se que a termografia é eficaz na identificação de trigger points miofasciais de músculo trapézio.