Resumo

Os testes existentes no polo aquático que são realizados na água procuram representar um situação específica de jogo. Entretanto, voltam-se principalmente aos deslocamentos horizontais de nado. Dessa forma, desconsideram as ações rápidas de mudança de posicionamento corporal realizadas próximas ao gol, onde o corpo assume um posicionamento mais vertical. Além disso, não ponderam a relevância da tomada de decisão e antecipação que são importantes para a adequada realização das ações no polo aquático. Assim, com o objetivo de testar a agilidade na mudança de posicionamento corporal tendo como pré-requisito a tomada de decisão, foi proposto o Teste Funcional de Desempenho da Agilidade (TFDA). O TFDA é caracterizado como um teste de tomada de decisão onde o jogador testado move-se tão rapidamente quanto possível dentro de uma área de 3 m2 tendo como referência o passe feito por outro jogador. No entanto, para sua utilização, os critérios relativos a confiabilidade, sensibilidade e validade da sua medida precisam ser testados. Inicialmente, a confiabilidade do TFDA foi verificada por meio da avaliação de quinze jogadores (16,3 ± 1,8 anos de idade) com no mínimo dois anos de experiência competitiva. Duas repetições de familiarização foram realizadas. Posteriormente, dois treinadores experientes mediram o tempo de três repetições do TFDA. A estatística descritiva, análise de variância para medidas repetidas (ANOVA), limite de concordância de 95% (LOA), coeficiente de correlação intraclasse (ICC) e erro padrão de medida (SEM) foram utilizados para a análise dos dados. Não houve diferença significativa entre as medidas que pudesse ser explicada pelo efeito do avaliador, da repetição ou da interação entre estes dois fatores (p > 0,05). O ICC médio para os avaliadores foi adequado (0,85). O SEM variou entre 0,13 s e 0,49 s. O CV médio, considerando cada indivíduo, ficou entre 6-7%. Conclui-se, então, que os critérios de confiabilidade da medida foram atendidos. Posteriormente foi proposto um segundo estudo com o objetivo de se testar a confiabilidade do TFDA. Esta iniciativa foi importante devido a necessidade de ajuste no tamanho amostral, aumento no número de familiarizações e a avaliação de jogadores mais experientes. Dessa forma, foram avaliados quarenta e dois atletas (17,81 ± 3,24 anos de idade) com no mínimo 5 anos de experiência competitiva (7,05 ± 2,84 anos) e que participam de competições a nível nacional ou internacional. Foram realizadas cinco repetições de familiarização. O tempo nas três repetições do TFDA foi mensurado por dois técnicos experientes. A estatística descritiva, análise de variância para medidas repetidas (ANOVA), limite de concordância de 95% (LOA), coeficiente de correlação intraclasse (ICC) e erro padrão de medida (SEM) foram utilizados para a análise dos dados. Os atletas completaram o TFDA em 4,15 ± 0,47 s. Não houve diferença significativa entre as medidas que pudesse ser explicada pelo efeito do avaliador, da repetição ou da interação entre estes dois fatores (p > 0,05). O valor do ICC médio foi de 0,87 (95% IC = 0,80-0,92). O SEM variou entre 0,24 s e 0,38 s. O LOA foi de 1,20 s, e o CV médio, considerando cada repetição individual, foi de 6%. Conclui-se, então, que o TFDA mostrou-se como um teste confiável de tomada de decisão para jogadores de polo aquático experientes. Finalmente, para a avaliação da sensibilidade e validade do TFDA foi realizado um estudo que se dividiu em três momentos. Seis jogadores juniores de elite do sexo masculino (16,33 ± 0,82 anos) participaram da investigação relativa a sensibilidade e da primeira proposta de se testar a validade. Eles foram medalha de prata no Campeonato Pan-Americano Júnior-2014. Na segunda investigação sobre a validade, sessenta e cinco jogadores de polo aquático competitivo do sexo masculino com idade entre 12-36 anos (18,1 ± 4,3 anos) foram divididos em três grupos (G1-3) de acordo com suas idades. No estudo da sensibilidade foi comparado o desempenho no TFDA entre dois períodos de treinamento (Março/2013 e Julho/2014). A diferença entre no desempenho no TFDA foi testada por meio do teste t pareado. Para a primeira investigação da validade, o tempo no TFDA foi correlacionado com o tempo de agilidade no teste de Velocidade/Agilidade por meio da Correlação de Pearson. Finalmente, a diferença no desempenho entre G1-3 foi avaliada por meio da Anova independente. Para os critérios relativos a sensibilidade encontrou-se que o tempo de realização do TFDA foi menor em julho/2014 (p = 0,002, r = 0,94). Para as investigações centradas na validade, afirma-se que não foi encontrada correlação significativa no desempenho do TFDA e o teste de Velocidade/Agilidade (r = 0,42, p = 0,40). Além disso, foi encontrada diferença estatística apenas entre G1 e G3 (p <0,001) e entre G2 e G3 (p = 0,008). Assim, indica-se que os critérios relativos a sensibilidade e validade do TFDA foram adequados. Como conclusão geral, afirma-se que a familiarização mostrou-se como um procedimento importante para o conhecimento do TFDA por parte dos atletas e avaliadores. Como o TFDA representa uma situação de jogo, possuindo certo grau de imprevisibilidade, é importante que os atletas realizem ao menos 3-5 familiarizações antes da avaliação propriamente dita. Este procedimento tem por objetivo evitar erros desnecessários e tornar a medida mais próxima da real condição do atleta. Sugere-se ainda que seja utilizado como referência do desempenho do atleta a média obtida para suas três repetições. Finalmente, acredita-se que o TFDA mensure a agilidade e a tomada de decisão associados as ações defensivas. Isso porque estas capacidades são avaliadas considerando-se a movimentação e percepção do atleta a partir do passe realizado por outro jogador.

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