Testes físicos genéricos e tarefas simuladas: análise de relações no âmbito das Forças Armadas
Por José Maurício Magraner (Autor), João Paulo Borin (Autor), Willian Carrero Botta (Autor).
Em 47º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Os testes físicos, no contexto das Forças Armadas, mostram-se fundamentais para determinar o nível de prontidão para o combate das tropas. Contudo, existem ao menos três diferentes classificações para estas avaliações: i) Testes Genéricos (TG); ii) Testes Preditores de Desempenho (TPD) e; iii) Tarefas Simuladas (TS). Muito embora as TS representem as testagens mais completas e confiáveis, pouco se sabe acerca das relações entre os diferentes tipos de teste.
Objetivo: Investigar as correlações e o poder de predição entre três TG (corrida de 12 min, flexão de tronco e flexão de cotovelos) e cinco TS (1-pista de obstáculos, 2-marcha a pé, 3-acidente em terra, 4-escape submerso e 5-sobrevivência na água).
Métodos: A amostra foi composta por 88 cadetes, sendo 70 homens, pertencentes à Força Aérea Brasileira (FAB), voluntários, com idades entre 18 e 24 anos, saudáveis e escolhidos de forma aleatória. Os sujeitos realizaram os três TG propostos no mesmo dia, na seguinte ordem: flexão de cotovelos, flexão de tronco e corrida, seguindo os parâmetros estabelecidos em normas específicas da FAB . Posteriormente, realizaram as cinco TS citadas, em três dias diferentes: bloco 1 (TS 1 e 3), bloco 2 (TS 2) e bloco 3 (TS 4 e 5). A distribuição dos dados foi analisada por meio do teste de Shapiro Wilk e, inicialmente, as variáveis foram correlacionadas por meio do teste de correlação de Pearson. Em seguida, o poder de predição dos TG sobre o desempenho nas TS foi investigado por meio de regressões lineares múltiplas, adotando o somatório dos resultados das TS (expresso em escore Z) como variável dependente. O nível de significância utilizado foi de p<0,05.
Resultados: As análises estatísticas evidenciaram correlações lineares fracas e moderadas entre os resultados dos TG e das TS, sendo a de maior magnitude a relação entre a corrida de 12 min e a TS “acidente em terra” (r = - 0,509, p < 0,01). Com relação às regressões, o modelo composto pelos TG como variáveis independentes conseguiu explicar apenas 11,2% das variâncias encontradas (R2 = 0,112, p < 0,05).
Conclusão: Conclui-se que os TG, embora amplamente utilizados nos quartéis para avaliação do preparo físico de militares, parecem não ser a melhor opção para avaliar níveis de prontidão para o combate, considerando as correlações fracas apresentadas e o seu baixo poder preditivo. Sugere-se que as TS, desenvolvidas e validadas para guardarem proximidade com as ações exigidas em combate, sejam utilizadas prioritariamente para este fim, sob o risco de as tropas não serem corretamente avaliadas.