Resumo

Os testes físicos, no contexto das Forças Armadas, mostram-se fundamentais para determinar o nível de prontidão para o combate das tropas. Contudo, existem ao menos três diferentes classificações para estas avaliações: i) Testes Genéricos (TG); ii) Testes Preditores de Desempenho (TPD) e; iii) Tarefas Simuladas (TS). Muito embora as TS representem as testagens mais completas e confiáveis, pouco se sabe acerca das relações entre os diferentes tipos de teste.

Objetivo: Investigar as correlações e o poder de predição entre três TG (corrida de 12 min, flexão de tronco e flexão de cotovelos) e cinco TS (1-pista de obstáculos, 2-marcha a pé, 3-acidente em terra, 4-escape submerso e 5-sobrevivência na água).

Métodos: A amostra foi composta por 88 cadetes, sendo 70 homens, pertencentes à Força Aérea Brasileira (FAB), voluntários, com idades entre 18 e 24 anos, saudáveis e escolhidos de forma aleatória. Os sujeitos realizaram os três TG propostos no mesmo dia, na seguinte ordem: flexão de cotovelos, flexão de tronco e corrida, seguindo os parâmetros estabelecidos em normas específicas da FAB . Posteriormente, realizaram as cinco TS citadas, em três dias diferentes: bloco 1 (TS 1 e 3), bloco 2 (TS 2) e bloco 3 (TS 4 e 5). A distribuição dos dados foi analisada por meio do teste de Shapiro Wilk e, inicialmente, as variáveis foram correlacionadas por meio do teste de correlação de Pearson. Em seguida, o poder de predição dos TG sobre o desempenho nas TS foi investigado por meio de regressões lineares múltiplas, adotando o somatório dos resultados das TS (expresso em escore Z) como variável dependente. O nível de significância utilizado foi de p<0,05.

Resultados: As análises estatísticas evidenciaram correlações lineares fracas e moderadas entre os resultados dos TG e das TS, sendo a de maior magnitude a relação entre a corrida de 12 min e a TS “acidente em terra” (r = - 0,509, p < 0,01). Com relação às regressões, o modelo composto pelos TG como variáveis independentes conseguiu explicar apenas 11,2% das variâncias encontradas (R2 = 0,112, p < 0,05).

Conclusão: Conclui-se que os TG, embora amplamente utilizados nos quartéis para avaliação do preparo físico de militares, parecem não ser a melhor opção para avaliar níveis de prontidão para o combate, considerando as correlações fracas apresentadas e o seu baixo poder preditivo. Sugere-se que as TS, desenvolvidas e validadas para guardarem proximidade com as ações exigidas em combate, sejam utilizadas prioritariamente para este fim, sob o risco de as tropas não serem corretamente avaliadas.

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