Resumo

O presente estudo teve como objetivo mostrar como a violência é compreendida na esfera boxista, na expectativa de colher subsídios para propor um boxe alternativo, não-violento: o toque-boxe. O corpus do estudo foi formado pelo discurso de cinco boxistas que atuam nas academias do Rio de Janeiro. Os dados para esta análise foram coletados através de entrevista guiada. As perguntas apontaram para a compreensão dos seguintes subtópicos: sentido da violência; estratégia para lidar com ela; violência e autocontrole no quotidiano dos boxistas. Os resultados foram analisados tendo como suporte a análise do discurso. Nesta análise privilegiei a compreensão dos deslizamentos de sentido (mudança de sentido) dos termos violência e autocontrole. Tais deslizamentos emergiram da oposição entre o discurso institucional (hegemônico) e discurso pára-institucional (do cotidiano). Os resultados revelaram a existência de dois momentos vitais para a compreensão do uso destes termos (violência e autocontrole) na esfera do boxista. O primeiro é a da construção da metáfora violência; o segundo é o da inscrição desta nos diferentes contextos. A compreensão destes "momentos" mostrou como a violência é vista em cada contexto. Além disso, mostrou que sua inscrição num contexto implica sempre deslizamento de sentido. E que este coincide com variações na percepção da integridade física. Isso quer dizer que o sentido da violência muda sempre que muda o contexto. Nesta perspectiva, o boxe, para se inscrever na escola, precisa mudar seu sentido de violência e conseqüentemente de integridade física. Assim sendo, os resultados deste estudo justificam a proposta de criação do toque-boxe, cujo objetivo é inscrever o boxe na escola, pautado por uma visão de contenção da violência e preservação da integridade física.

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