Resumo

O futebol brasileiro se destaca negativamente por ser um ambiente permeado pela desigualdade de gênero. Este cenário vem sendo modificado: a popularização das redes sociais e o avanço em pautas feministas promoveram uma onda de encontros de torcedoras, que saíram de grupos online e fundaram organizações protagonizadas por mulheres, engajadas com o enfrentamento ao assédio e hostilização das mulheres nos estádios. O trabalho objetiva compreender o impacto causado pelas torcidas organizadas por mulheres no futebol pernambucano, a partir da identificação de três torcidas fundadas por mulheres em Recife: Movimento Coralinas (Santa Cruz), Elas e o Sport (Sport) e Timbuzeiras (Náutico). A partir de aporte sociológico trazido pela sociogênese do esporte em Elias (1985), as tribos urbanas e seus elementos emocionais presentes em Maffesoli (1998), e o conceito de novo espaço público dos movimentos sociais em Castells (2017), a pesquisa investiga como a movimentação das integrantes das torcidas nas redes sociais se reflete na territorialização de suas demandas em ações coletivas nas arquibancadas. A metodologia qualitativa parte da observação em território virtual e em ações promovidas pelos grupos, além de categorização dos conteúdos de redes sociais e aplicação de questionários para amostra não probabilística de 100 torcedoras, visando investigar a composição social dos grupos. A fase final corresponde a 9 entrevistas com integrantes dos grupos selecionados.