Torres de Marfim, Castelos de Cartas e Telhados de Vidro
Por Olavo Amaral (Autor).
Resumo
A ideia de que o conhecimento científico produzido na academia é uma estrutura sólida, robusta e imaculada sempre me pareceu estranha
A ideia de que o conhecimento científico produzido na academia é uma estrutura sólida, robusta e imaculada sempre me pareceu estranha.
Uma analogia frequentemente usada para falar de divulgação científica descreve o cientista como um ser enclausurado em uma torre de marfim isolada do resto da sociedade. A metáfora costuma ser a deixa para defender que ele tem o dever de descer da torre ou construir pontes para compartilhar o conhecimento produzido na academia com o cidadão comum.
Da minha parte, nunca consegui ouvir essa história sem deixar de achá-la pra lá de arrogante. Implícitas na analogia estão a disparidade de altura entre o cientista e sua audiência, e a ideia de que o conhecimento deva fluir da torre para o chão – e não no sentido contrário. Para mim, porém, a parte mais estranha da história é a própria ideia de que a pesquisa acadêmica seja representada por uma torre de marfim: uma estrutura sólida, robusta e imaculada.