Resumo

Ao prever ou rever um caminho profissional alguns sujeitos podem recorrer a aspirações pessoais para organizar ou reorganizar o seu rumo no mercado de trabalho. Este (re)manejamento profissional pode ter como inspiração as atividades de lazer, onde o prazer e a satisfação destas atividades foram marcantes. Esta pesquisa buscou caracterizar o percurso profissional de seis sujeitos que optaram por trabalhar na área de lazer, mais especificamente no ramo de “aventura”. Este estudo considerou que as escolhas profissionais são mediadas por fatores pessoais, econômicos e sociais. Na medida em que se consolidam os conceitos, valores e interesses, o efeito das experiências de lazer podem permitir um leitura mais crítica da escolha profissional onde o bem-estar no lazer tende a ser desejado também no trabalho, na perspectiva de um sujeito indissociável. Especificamente o lazer de aventura permite a expressão de uma identidade que carrega valores de exploração, desafio e superação. Todos os entrevistados definiram o trabalho como fonte de sofrimento, obtendo no lazer um sentido de realização. Ao repassar este sentido para o trabalho a satisfação provém do diálogo com o cliente e das práticas em si. As condições de renda da família nuclear, as oportunidades no mercado, o “network” e a capacidade de ousar e persistir foram aspectos importantes na manutenção desta trajetória profissional. Entre as dificuldades destacam-se a falta de consenso nos padrões que regulamentam a qualidade dos serviços na área, a sazonalidade das modalidades, o elevado custo e a durabilidade dos equipamentos e a banalização da aventura pelos próprios profissionais autônomos. Para os entrevistados, as vivências de lazer em aventura promoveram um novo significado ao trabalho.

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